Mensagens

A mostrar mensagens de 2008

O "regresso" de Alanis Morissette

[Estou a ouvir “Ironic”, Alanis Morissette] Quem me conhece ou acompanha este blogue sabe o quanto aprecio cantoras canadianas. Alanis Morissette não é excepção. Depois do estrondoso sucesso de Jagged Little Pill (já lá vão uns aninhos…), com músicas como You Oughta Know (sim, essa mesmo, a que servia para descarregar a raiva…) e as divertidas Head Over Feet e Ironic, depois de Uninvited que integrou as bandas sonoras da Cidade dos Anjos, do álbum Supposed Former Infatuation Junkie (quem não se lembra das músicas Thank U e That I would be good?), de alguns trabalhos que passaram mais ou menos desapercebidos (Under Rug Swept, Feast on Scraps e So-called chaos), chegou este ano o tão esperado novo trabalho de AM: Flavors of Entanglement. Enredos, complicações ou confusões à parte, este álbum é simplesmente delicioso, reflectindo na perfeição a maturidade da cantora, tanto a nível vocal/musical, como a nível das letras. Ninguém fica indiferente a este Not as We que serve de cartão-de-visi

Leituras e escrituras de uma filha única

[estou a ouvir “Come away with me”, Norah Jones] Durante longos anos, a escrita – a minha escrita - foi para mim assunto tabu. Consigo precisar no tempo quando deixou de o ser e, acreditem, não foi há muito tempo. Devoro livros desde criança. Até hoje, leio um pouco de tudo e, confesso, por vezes sem grandes critérios. Creio que este hábito me vem do facto de ser filha única e de ter sido uma criança muito tímida. Fui uma leitora muito precoce. Aos 8-9 anos já tinha lido as colecções inteiras da Enid Blyton e da Laura Ingalls Wilder (o que se lia na altura…). Por conseguinte, também comecei a escrever cedo. Devia ter também uns 8 ou 9 anos quando a minha mãe teve de ser hospitalizada e eu fiquei em casa da minha melhor amiga, a Valérie. Por essa altura, começámos a escrever um “diário partilhado”. Um dia escrevia eu, outro dia ela. Quando regressei a Portugal, ela ficou com o dito diário. Entretanto, ela mudou de residência e eu perdi-lhe o rasto. O que eu daria para revê-la e para rel

Mamma Mia!

[estou a ouvir “The winner takes it all”, ABBA] Finalmente, arranjei um tempinho para ir ver o Mamma Mia ao cinema. Não podia deixar de ir: adoro musicais e sou fã da Merryl Streep. Nunca pensei foi ir para uma sala de cinema cantar! Contagiante! Já é sabido que Streep é maleável. Já a vimos em todos os papéis: desde em dramáticos (As Pontes de Maddison County, África Minha e tantos outros) às comédias mais duvidosas (A Morte fica-vos tão bem…). O seu desempenho em Mamma Mia é fabuloso! A não perder. Gostei da voz da personagem Sophie (Amanda Seyfried). Fiquei com vontade de ir à Grécia. Deixo uma palavra de louvor à Isabel Monteiro que traduziu e legendou. Não foi tarefa fácil. Não, não vos deixo um trailer do filme. Deixo-vos mais uma memória. Só queria um doce pelo número de vezes que cantei isto em dueto com o meu pai. Fernando. O doce nome do meu pai.

Zero Assoluto

[Estou a ouvir “Semplicemente”, Zero Assoluto] Sim, é verdade, estou a ouvir “Vozes Masculinas”… Uma amiga minha, apaixonada por música italiana, deu-me a conhecer esta formação musical que eu desconhecia em “Assoluto” (que sonoridade tem esta língua!). Aliás, aproveito para agradecer a todos aqueles que, não tendo uma identidade do Google ou do Blogger criada, me enviam comentários por e-mail. A partilha de gostos musicais é o objectivo primeiro deste blogue. Deixo-vos com um teledisco deste grupo que conta com a participação especial de Nelly Furtado. Não gosto especialmente da cantora açoriana, mas… uma Voz Feminina fica sempre bem. N’importe où…

Por enquanto...

Enquanto a poeira das ideias não assenta… Enquanto não me solto das correntes do verbo exuberante… Entrego-me à simplicidade das memórias. Partilho fragmentos de uma existência animada pela paixão da música. Uma tarde, rabisquei à pressa num pedacito de papel duas estrofes desta música e saí. Deixei o recado sobre a mesa da sala, e saí. Para mais um trabalho, mais uma separação. Mesmo após 18 anos! Metade da minha existência…

Sheryl Crow e Lullabies

[estou a ouvir “Strong enough”, Sheryl Crow] Um amigo enviou-me esta pérola (vídeo abaixo) da Sheryl Crow. É parte integrante do último trabalho da cantora, o álbum “Detours” (2008). Óptima combinação: a voz melodiosa de Crow e uma Lullabye. Sempre gostei de Lullabies. Quando a minha filha nasceu, comprei um CD chamado “Nature’s Lullabies”, um misto de sons da natureza com voz e guitarra acústica de Kathy Thompson. Delicioso! A pequenita adorava! Hoje, continuo a ouvir o CD frequentemente nas minhas sessões de meditação. Esta música, Lullabye for Wyatt, terá sido escrita para o seu filho adoptivo com Lance Armstrong. É incrível o que os nossos rebentos podem inspirar! É sabido que Sheryl Crow tem passado por momentos menos bons: a ruptura com Lance Armstrong, o cancro da mama, etc., mas voltou em força! Esta é para a minha amiga Phil.

Concerto de Madonna

[estou a ouvir “Frozen”, Madonna] Até ontem, não conseguia explicar objectivamente porque gosto de Madonna. À primeira vista, não tem muito a ver comigo: não tem uma voz excepcional e eu gosto de vozes excepcionais. Contudo, à excepção do último trabalho que não me diz muito, a verdade é que sempre gostei de Madonna e, como tal, fiz questão de marcar presença no Parque da Bela Vista, no passado Domingo. Digo de passagem que não sou muito apologista dos concertos “ao ar livre”. Não sei se por questões acústicas, de logística ou outras, a verdade é que prefiro os concertos em recintos fechados. Lembro-me que, por volta dos meus 16, 17 anos, era fã incondicional dos Madredeus. Até assistir a um concerto deles ao ar livre… Vou saltar a parte do espectáculo, inegavelmente fantástico, e da minha admiração pela mulher de 50 anos que salta à corda em palco como uma teenager de 12. Muito se tem dito sobre isso nos últimos dias. Pessoalmente, teria escolhido um alinhamento diferente. Ficaram de

A Glória de Kubrick e a Voz Feminina

[estou a ouvir “Caro mio ben”, Cecilia Bartoli] Há dias revi o clássico de Stanley Kubrick, “Horizontes de Glória” (The Paths of Glory, 1957). Embora qualquer semelhança com o mais recente (e último) “De Olhos bem Fechados” seja mera coincidência, temos de admitir que, para um filme daquela época, com os recursos existentes, a genialidade de Kubrick já lá estava. A estratégica escolha de Kirk Douglas para papel principal, o chocante realismo das trincheiras entre corpos estropiados e olhares parados, o fim inesperado… Aliás, levei um certo tempo a entender o fim… O filme, que retrata a hipocrisia do universo militar da 1.ª Guerra Mundial, tem um final “infeliz”, por oposição a “final feliz”, mas “feliz” porque bem conseguido. Depois do fuzilamento de 3 soldados franceses, escolhidos para bodes expiatórios (na sequência do fracasso da tomada aos alemães da Colina das Formigas), os seus companheiros de armas, reunidos na caserna, rematam a cena final, de lágrimas nos olhos, comovidos pel

O que é feito de… Lisa Stansfield?

[estou a ouvir “All around the world”, Lisa Stansfield] Por vezes, vem-nos à ideia uma canção, uma melodia, um refrão, uma voz… perdidos… Outras vezes, somos assaltados pela surpresa da rádio a tocar no carro, no supermercado, na loja… A tocar “aquela” música… antiga… perdida… Dou por mim a pensar o que será feito do(a) cantor(a), nos motivos da sua saída de cena. Nem sempre é fácil entender algumas opções pessoais de carreira ou os destinos forçados por circunstâncias dúbias, daqueles que um dia admirámos ou de quem uma música marcou uma época (ou episódio, até!) das nossas vidas... Pergunto-me o que será feito de Lisa Stansfield? Daquele vozeirão, daquele brilho no olhar, daquela força nos gestos? Era capaz de escrever um conto sobre os momentos que passei a ouvir e a cantar Lisa Stansfield… Aquele dueto com o Barry White… Say something… Lembram-se?! Deixo-vos com uma das minhas preferidas:

Viagem invertida

[estou a ouvir “Nobody’s fault but mine”, Beth Rowley] Como já vai sendo hábito, passamos férias no Sul de França, geralmente em Biarritz. Este regresso àquele que não deixa também de ser o meu país é revigorante. Gosto de sentir que ainda pertenço àquela cultura, àquela gente. Há uma certa magia nas viagens de carro entre Portugal e a França que me fazem regressar à minha infância. Não as trocaria pela suposta emoção do avião ou pelo buliço do comboio. E, apesar de muita coisa ter mudado desde então, é divertido estabelecer certos paralelos… Vivíamos em França e vínhamos de férias, uma vez por ano, a Portugal. Os três, eu e os meus pais. Como eram esperadas aquelas férias! Hoje, vivemos em Portugal e passamos férias em França. Os três, eu, o meu marido, Joaquim, e a minha filha, Sara. Como são esperadas as férias! A viagem era longa… Da região parisiense a Viseu. As estradas execráveis, sobretudo do lado ibérico. A minha mãe, o “co-piloto”, tinha sempre o mapa à mão e uma boa selecção

As fotografias de Bloncourt

[estou a ouvir “(Bem) Na minha mão”, Susana Félix] No passado mês de Maio, entre meio-dia de interpretação em Oeiras e uma reunião com clientes no Padrão dos Descobrimentos, fui, finalmente, visitar a Colecção Berardo. É impossível não gostar de, pelo menos, uma parte da exposição: há para todos os gostos. Duas horas depois de iniciar a minha visita, já quase de saída e a eleger a ala do surrealismo como a minha preferida, deparo-me com uma exposição temporária: “Por uma vida melhor”. A expressão era-me familiar. Acabaria por passar o resto da tarde no CCB… Tratava-se de uma exposição de fotografias a preto e branco do Gérald Bloncourt sobre a vida dos emigrantes portugueses em França, nos anos 50 e 60 (http://www.bloncourt.net/index-4.html). Fui assaltada por um turbilhão de emoções, flashes, reflexões… Saí de lá com dois álbuns (um para mim, outro para o meu pai), com o documentário “Gente do Salto”, a convicção de que o português tem a memória curta e uma voz na cabeça:

Música e Bilinguismo I

[estou a ouvir “Tout l’or des Hommes”, Céline Dion] Há já algum tempo que tenho uma dúvida existencial sobre a minha preferência por cantores francófonos… No caso dos cantores bilingues (sobretudo os canadianos ou de influência canadiana), sempre preferi as respectivas discografias francófonas. Os exemplos mais ilustrativos são, obviamente, Céline Dion e Lara Fabian, que foram catapultadas para a fama internacional graças às suas músicas em inglês. Lembram-se certamente do sucesso do álbum “A new day has come”, para a primeira, e do álbum “A wonderful life”, para a segunda. Ou de músicas avulsas como “My heart will go on” ou “Love by grace”. Conhecendo eu a outra face da moeda, nunca entendi! Acompanho a carreira (francófona!) da Céline Dion desde o velhinho Festival da Canção de 1988 (“Ne partez pas sans moi”). Além da “Pour que tu m’aimes encore”, a única que teve algum êxito além-fronteiras francófonas, músicas como “Tout l’or des hommes”, “Ziggy”, “L’amour existe encore”, “Contre n

Suzanne Vega

[estou a ouvir “The Queen and the Soldier”, Suzanne Vega) No passado dia 9 de Julho, fui assistir ao concerto da Suzanne Vega no Teatro Municipal da Guarda, durante o qual a cantora norte-americana apresentou o seu último álbum, o “Beauty & Crime”. Este álbum, o oitavo da cantora, arrecadou este ano o Grammy para Melhor Produção (não clássica), e tem como inspiração a cidade de Nova Iorque. Com 20 anos de carreira, são sobejamente conhecidos os dotes vocais de Suzanne Vega, pelo que é desnecessário fazer considerações a esse propósito. Muito além da sua melodiosa voz de menina que nos lembra incrivelmente a nossa Mafalda Veiga, o que mais impressiona nesta cantora é a sua invulgar capacidade de contar histórias! Depois da popular “Luka”, sobre violência infantil, e da contagiante “Tom’s dinner” («tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-ru, tu-tu-tu-tu-tu-tu-ru…»), Suzanne Vega dedica agora duas músicas aos ataques terroristas do 11 de Setembro: a "Angel's Doorway" que descreve a espera

Breve Historial Vocal ou Porque decidi criar este Blog

[estou a ouvir “Love is Stronger than Pride”, Shade] Lembro-me de ter uns 5 ou 6 anos e de assistir aos ensaios do meu pai, lembro-me de ficar na primeira fila, junto ao palco… Lembro-me das longas viagens de carro entre a França e Portugal, das cassetes a tocar, das cantorias a três… Lembro-me das primeiras actuações nos bailes de finalistas, no liceu… Dos ensaios de garagem dos “Uptown Band” (a banda da cidade alta…) na Guarda… De animar a minha despedida de solteira num bar de Karaoke, no Porto… Bref, sou mais uma entre muitas que passam a vida a cantar. Sou muito “vocal”. Canto, rádio, locução, a voz sempre foi para mim um trunfo. Tinha um professor de simultânea na faculdade que costumava dizer: «A Ana pode dizer os disparates que quiser, ninguém dá conta!». Acabaria por fazer da voz o meu principal instrumento de trabalho: sou Intérprete de Conferência. Tudo não passaria de uma história banal, se… não tivesse perdido a VOZ! Em 2002, na sequência de um serviço de interpretação de