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A mostrar mensagens de julho, 2009

Ana Maria

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Sempre tive uma admiração secreta (not anymore…) por quem, sem o esperarmos, resolve virar a sua vida de pernas para o ar. Pessoas há que estão sempre a ameaçar: «qualquer dia faço…». Outras, pela calada, preservando toda a sua intimidade e o seu espaço, chegam um belo dia e… «Vou viver para a Austrália.» Ponto final. Não é ponto de exclamação. Não são reticências. É ponto final. Eu e a Ana Maria costumávamos “dar boleia” uma à outra no comboio que nos levava e trazia de Cascais para Lisboa e de Lisboa para Cascais. Éramos colegas e trabalhávamos com frequência nos mesmos eventos. Aqueles 45 minutos a contornar a marginal traziam consigo um halo de paz e tranquilidade. A Ana é mais velha do que eu (tem quase a idade da minha mãe) e é daquelas mulheres eternamente belas pela sua serenidade e olhar longínquo. As viagens eram alternadas entre silêncios, venturas e desventuras. Guardo como sábios todos os conselhos que a Ana Maria me foi dando ao longo dos anos de viagem. Sensatez, pondera

Poesia de outros de que gosto

Não sei de amor senão Não sei de amor senão o amor perdido o amor que só se tem de nunca o ter procuro em cada corpo o nunca tido e é esse que não pára de doer. Não sei de amor senão o amor ferido de tanto te encontrar e te perder. Não sei de amor senão o não ter tido teu corpo que não cesso de perder nem de outro modo sei se tem sentido este amor que só vive de não ter o teu corpo que é meu porque perdido não sei de amor senão esse doer. Não sei de amor senão esse perder teu corpo tão sem ti e nunca tido para sempre só meu de nunca o ter teu corpo que me dói no corpo ferido onde não deixou nunca de doer não sei de amor senão o amor perdido. Não sei de amor senão o sem sentido deste amor que não morre por morrer o teu corpo tão nu nunca despido o teu corpo tão vivo de o perder neste amor que só é de não ter sido não sei de amor senão esse não ter. Não sei de amor senão o não haver Amor que dure mais que o não tido. Há um corpo que não pára de doer só esse é que não morre de tão perdido

Insónia

Noite em branco de branco Prelúdios em catadupa Euforia relativa Flashes de lucidez libertadora Chega, sorrateira, sem aviso prévio Sem motivação lógica Toma posse de corpo e mente Arrasta o tudo que sou consigo Vence a resistência dos olhos cerrados E da imobilidade que me imponho Conduz-me sem roteiro para onde não quero Prende-me a cadeados na plateia do que não quero ver Deixa o rasto do cansaço físico E o travo amargo do esquecimento Vai-se, sorrateira, como emergiu Sem porquês nem data marcada para o regresso E quando, finalmente, abandono a cama É o vazio que me assalta Já vão longe e esbatidos os fragmentos Que me roubaram a brancura do sono

Um ano de blogue

26 posts depois, 23 livros depois, Quantas vozes? Quanta partilha? Há quem diga que me exponho. Há quem me tenha descoberto. Desilusão, curiosidade, simpatia… Dos outros. Cumplicidade, equilíbrio, realização… De mim. Um agradecimento sentido aos que foram comentando, publicamente, e aos que me foram fazendo chegar as suas impressões. Sem eles, nada disto faria sentido. Ou faria?

Edith Piaf

Há dias, a minha amiga Sara Rocha enviou-me por e-mail o vídeo abaixo sob o pretexto de que, quando o ouviu se lembrou imediatamente das minhas vozes femininas… Na verdade, Edith Piaf, e esta música em particular, tem não só a ver com este blogue, como também com todo o meu imaginário musical, visto que ouço Edith Piaf, por influência paterna, desde criança. Nunca escondi as minhas influências musicais francófonas (este blogue é prova disso), bem como a minha preferência por cantores canadianos. Pois bem, este “duo virtual” – muito badalado em 2004 – é, precisamente, interpretado pela saudosa Edith Piaf e por Isabelle Boulay, uma cantora canadiana do Quebec – como a grande Céline Dion – de quem gosto muito. O privilégio de um duo “póstumo e virtual” com uma das vozes mais cristalinas de todos os tempos só tinha sido até então concedido a Charles Aznavour, outro grande nome da cena musical francesa. Mas, esta música, a primeira que Isabelle cantou em público aos 8 anos, era também a mús