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A mostrar mensagens de fevereiro, 2010

Amarras II

Estou a regressar ao cais. Intermitente… Devagar… A razão guia-me, o lastro, vertical, começa a pesar, Recupero os meus rituais, Procurando o porto seguro; A lucidez vence, timidamente, a incerteza do sonho, Guiada pela rememoração do descontrolo, Da quase-humilhação, do não-eu… Da queda que deixa marcas… E neste caminho de regresso ao cais, Invade-me este contraditório sentimento de Paz, Completude… Procuro e vislumbro as amarras, Estendo-lhes a mão… Certa de que a estadia em terra será feita de vaivéns, De amarras soltas, sonhadoras, irreais, De regressos ao cais, lúcidos, racionais. Mas agora sei. Conheço a onda que me leva. Conheço a onda que me traz…

Silêncios

Há o silêncio sensato dos que não sabem, A contrastar com o ruído dos ignorantes que julgam saber… Há o silêncio pacificador do momento de reflexão, Que se opõe à voz que irrompe e interrompe… Há o silêncio solitário das noites de insónia, Contra os sons matutinos do buliço da cidade… Há o silêncio do consentimento e da resignação, Ao invés do grito e da agressão do verbo… E há o silêncio mortífero, sem contra-peso, O silêncio da não-reacção, da não-resposta, O silêncio-arma que deixa marcas, devagar…