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A mostrar mensagens de abril, 2010

Simplesmente Mulher

Neste dia em que se celebra a liberdade, acabo de ler um artigo no mínimo inspirador. O tema é o do “Girl Effect” e encontrei-o na revista Gingko (para quem não conhece, é uma publicação mensal sobre equilíbrio pessoal, profissional e ambiental). De forma resumida, o artigo visa provar os benefícios do “empoderamento” [bolas, não se arranja melhor tradução para isto?!] no feminino. Alguns pontos de reflexão: - Segundo Luís Rochartre do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, as mulheres no activo reinvestem no seu seio familiar uma boa percentagem do que ganham. Assim, salvar uma mulher em risco equivale a salvar uma família, uma comunidade, um país. - Ainda segundo o mesmo autor, nos negócios, as mulheres são mais responsáveis face às suas obrigações, nomeadamente quando contraem empréstimos, e canalizam os seus lucros para o bem-estar das suas famílias. Os homens entram noutro tipo de jogos sociais… - Um exemplo ilustrativo: o Programa de Alimentação Mundial decidiu

Mini-conto de Primavera

Por esses dias madrugadores e longos, Helena vivia oprimida pelo tempo. Nem mesmo o seu apurado sentido de organização, o seu carácter pragmático e o seu habitual optimismo ajudavam. Num dos raros momentos em que trocou dois dedos de conversa com uma colega de trabalho na cafetaria da empresa, Helena – de espírito aberto e curioso – pensou ter encontrado uma saída para o seu labirinto emocional: - Vê lá tu, vamos em Abril e este ano já perdi as estribeiras três vezes! Isto não é normal. Deve ser das insónias… Eu nunca perco as estribeiras! - Ó Helena, tu precisas é de uma cura cósmica. Tens de realinhar esses chacras! Ouvi falar de uma rapariga muito boa, lá para os lados de Carcavelos. Eu arranjo-te o contacto. - Achas?! E foi assim que Helena decidiu, entre hesitação e curiosidade, fazer apelo a forças desconhecidas. Poucos dias depois (depois de uma luta infernal com a sua agenda para encaixar a “experiência”), entrava numa salinha de pouco mais de 8 m2, acolhida por uma curadora có

Garagem Atlântico

Há 15 anos que não entrava lá. Cheguei ao balcão da Transdev na vetusta e degradada “Garagem Atlântico”, Porto, por volta das 13:20. As colunas de som debitavam em catadupa os destinos dos autocarros já estacionados nos respectivos cais. Imperceptível. O som era tão mau que dei por mim a explorar visualmente os tectos do local à procura das ditas colunas, na subconsciente esperança de uma ligação directa entre canal auditivo e visual. - Boa tarde. A que horas sai o próximo Expresso para Viseu, por favor? - Às 14:00, menina. - Então, é um bilhete para Viseu no próximo Expresso, por favor. – peço eu estendendo o cartão Multibanco. - Esses cartões aqui não prestam. – responde-me o funcionário através do círculo sem vidro e apontando para um autocolante que indica que os pagamento por Multibanco não são aceites… - Tem ali a coisa… - prossegue, apontando para a caixa Multibanco implantada a uns 10 metros. - Ah… OK. Então já venho… Enquanto levanto dinheiro, tento novamente descodificar os d

Poesia de outros de que gosto III

L'obscurité des eaux Escucho resonar el agua que cae en mi sueño. Las palabras caen como el agua yo caigo. Dibujo en mis ojos la forma de mis ojos, nado en mis aguas, me digo mis silencios. Toda la noche espero que mi lenguaje logre configurarme. Y pienso en el viento que viene a mí, permanece en mí. Toda la noche he caminado bajo la lluvia desconocida. A mí me han dado un silencio pleno de formas y visiones (dices). Y corres desolada como el único pájaro en el viento. Alejandra Pizurnik