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A mostrar mensagens de maio, 2011

Push-up

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- Ó filha, puseste silicone? - Não mãe, que ideia… - Mas estás… diferente… - É do sutiã, mãe. É um “push-up”. - Um quê?! - Um “push-up”, mãe. O Pedro disse-me que tinha de realçar o peito. - O Pedro?! Não me digas que arranjaste namorado e não me disseste nada! - Não, mãe, o Pedro é consultor de imagem; deu-me umas dicas sobre o que devia melhorar e o que devia evitar. Só estou a seguir os conselhos dele. Não gostas? - Não se trata disso, filha. Estás diferente, é só. Chama um bocado à atenção… - E? - “E” nada. Tu é que sabes. Ainda bem que não é silicone. Essas coisas fazem mal… - Eu gosto, mãe. Sinto-me “nova”. A minha auto-estima disparou. Tudo me fica bem. E estas novas cores?! Não ficam fantásticas no meu tom de pele? - Sim, filha, ficam. Estás linda.

Oitava e última consulta

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«Love can cause addiction, Run before it’s too late» Anónimo - Conseguiste responder à pergunta? - Sim. - Estás livre? - Estou. [sorri] - Qual foi o “exercício” afinal? - Exercício longo… Tomei consciência do desequilíbrio, dos excessos, do meu extremo oposto. - Extremo oposto? - Sim, o meu sentimento extremo levou-me a um grau de exigência que ele jamais poderia ou conseguiria acompanhar. Dos extremos vem o mal. Decidi libertá-lo. - Mas não foi ele que, mais uma vez, não te deu resposta? - Não. Simplesmente não respondeu a uma mensagem, logo deu-me a resposta que eu tanto procurava. Na verdade, também ele me libertou… - Como te sentes? - Pela primeira vez em muito tempo, em paz. Tranquila, renovada. Voltei ao meu meio-termo. (…) - É uma despedida? - Sim, é uma despedida.

Livro manchado

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Estava hoje embrenhada nas minhas leituras de doutoramento, quando verti a minha infusão sobre o livro da leitura em curso, por sinal tomado de empréstimo. Lembrei-me logo das “técnicas” de envelhecimento de papel utilizando café ou chá que a minha amiga Rita me ensinou. Dei por mim a pensar que um livro manchado tem outro valor, outra significação. Há muito que não dou as minhas voltinhas nas feiras de velharias e alfarrabistas por onde vou passando (aliás, nos últimos tempos, deixei de fazer – estupidamente - muita coisa de que gostava…). Lembro-me de ter comprado, há largos anos, numa dessas feiras, um dicionário técnico multilingue dos anos 30, amarelecido pelo tempo, com cheiro a mofo e tudo! Ainda hoje o guardo religiosamente e, cada vez que pego nele, tento imaginar as mãos que nele pegaram antes de mim, as consultas que nele foram feitas, os tradutores ou outros curiosos que com ele conviveram, os motivos que os terão levado a desfazer-se dele… Resumindo e concluindo: gosto de

À Derrida

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J’ai sombré pendant des mois, Et il suffisait d’écouter Derrida. On m’avait demandé pourquoi… Je ne savais pas, Mais il suffisait de revisiter Derrida. À l’aveugle, je n’ai rien mis en cause, Il n’y avait qu’une intuition, La réponse était toujours là, Il suffisait de lire Derrida. Montage, démontage, Pièce par pièce, Je vois plus clair comme ça. Bon Dieu, il suffisait de relire Derrida !