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A mostrar mensagens de fevereiro, 2013

A Casa do Sono: quando a tradução nos interpela

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                O que é que nos leva a gostar ou não de um livro? No caso d’A Casa do Sono, diria que foi o diálogo que suscitou entre mim, o autor e o seu tradutor.                 Para começar, levei alguns capítulos a entender o porquê da atribuição do prestigiado prémio francês Médicis a esta obra de Jonathan Coe. Embora original e divertida, a história é tecida sem grandes profundidades literárias ou surpresas. Para resumir, o romance gira em torno de 4 personagens, colegas de universidade, em dois tempos distintos das suas vidas, com um intervalo de cerca de 12 anos. A estória tem a particularidade de alternar, nos capítulos ímpares, os tempos de estudantes e, nos capítulos pares, os acontecimentos que ocorreram 12 anos depois. Os encontros e os desencontros entre personagens ocorrem tendo sempre, como pano de fundo, a temática dos distúrbios do sono e um dos principais cenários, Ashdown, é, simultaneamente, a residência universitária onde todos viveram e, mais tarde, u

Acelerações

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A desorientação em que nos encontrámos, diz-se, é fruto da aceleração técnica, social e económica que se instalou nas nossas vidas. A verdade é que podemos estar convencidos de que estamos a acompanhar o ritmo e a fazer todos os upgrades necessários para não ficar para trás e continuarmos no nevoeiro. A verdade é que não basta descarregarmos e utilizarmos as mais recentes aplicações, não adianta termos contas atualizadas em todas as redes sociais e lermos todos os best-sellers. Na maioria das vezes, esses gestos são mecânicos e impensados. Cada um deles tem de se fazer acompanhar de uma real reflexão. Perdeu-se o hábito de pensar analiticamente sobre as coisas… Podemos ter o último sistema operativo instalado sem saber quais os benefícios que nos trará, nem tão-pouco porque razão o instalamos. Instalamos ponto. Carecemos de objetivos definidos, concretos. Não sabemos ajustar o nosso pensamento, a nossa mente, as nossas atitudes a toda esta ebulição. Enquanto

Pedagogia do Esquecimento - Preâmbulo

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«I wanna be the place you call Home»     O esquecimento é inviável. Só nos esquecemos do que não queremos esquecer. Enquanto houver um alvo para o esquecimento, esse processo é sumariamente impossível. A terapia de substituição passa por ir desviando lentamente o dito alvo. O percurso é longo e os desvios sinuosos. I couldn’t be the place you call home and I have to live with that J aneiro de 2013