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A mostrar mensagens de junho, 2013

Sobre o livro que abre a porta ao novo mundo

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  Depois de ler Robin Sharma e Paulo Coelho, fiquei à espera de um autor que me conseguisse entusiasmar ainda mais. Eckhart Tolle é o seu nome. De uma forma despretensiosa e clara, socorrendo-se de parábolas, passagens da bíblia ou, simplesmente, de experiências de vida, Tolle aborda uma diversidade de conceitos essenciais a todo(a)s aquele(a)s que procuram viver uma vida melhor. Cada leitor fará a sua receção própria do livro e elegerá os temas que mais lhe pesarem. Pessoalmente, realço: 1.        A necessidade/a possibilidade de mudança interior antes de encetar qualquer mudança exterior: a ordem não pode ser subvertida! 2.        O conceito de não-reatividade entendido como uma força e não como uma fraqueza, e a necessidade de vencer mágoas e ressentimentos. 3.        O conceito integral de ego que equipara auto-estima a humildade. 4.        O conceito de corpo de dor, o que o origina e de que forma a sua tomada de consciência e aceitação

Pedagogia do Esquecimento – Conclusão

[O preâmbulo, a primeira parte e a segunda parte deste conto foram publicados, respetivamente a 10 de fevereiro, 3 de março e 20 de abril de 2013]    «Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais.» Clarice Lispector in A Paixão segundo GH   Tinha de ser hoje. Sabes – ou talvez já nem te lembres – o quanto eu gostava de assinalar datas, quantificar períodos… Faz hoje um ano. Já tenho resposta. O esquecimento instala-se quando já pouco há para escrever. Quando o Romance de vários Tomos dá lugar a um conto tripartido, parido aos solavancos, mais por respeito ao tempo do que à lembrança. Quando não restam dúvidas, quando tudo encaixa. Quando, finalmente, te compreendo. Disse-te um dia, sob a lua de Neruda, que te avisaria. Esse dia chegou: o meu amor por ti terminou. Como música, deixo-te aquela com que tantas vezes me apunhalaste: o silêncio. Estou agora em paz.  

O Chaves

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Tinha a aparência de um toxicodependente do Casal Ventoso dos anos 80. Cabelo desgrenhado que não via água do cano há mais de quinze dias, calças de ganga e T-shirt desbotadas e puídas, mãos gretadas e odor de suor sobre suor. Falava sozinho, como se conversasse com os mortos que lhe respondiam. Parecia daquelas criaturas surgidas do vácuo, a quem não atribuímos nem história, nem família, nem lar. Recapitulava em voz alta a cor e a ordem dos fios que cravava como se recitasse a tabuada. Não passava recibo e deslocava-se numa carrinha Audi dos mesmos anos 80. O Chaves era o melhor eletricista da Vila.