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A mostrar mensagens de outubro, 2014

Condicional

Se me amasses além de ti, sentirias esta dor. Acorrerias aos meus pedidos de socorro. Quererias ouvir as minhas lágrimas. Não seriam necessárias palavras, explicações ou argumentos. Nem paráfrases ou reformulações. Palavras… São vãs, afinal. Faltam gestos, atitudes, ações. Condicional. Tudo acaba por estar sujeito a cláusulas de exclusão. Se me amasses além de ti, eu quereria estar contigo, aninhada nos teus braços, chorar no teu colo… Mas há sempre condições, sobreposições, estados a defender. Tal como a maioria dos sentimentos elevatórios, a incondicionalidade não existe, é um conceito falacioso, ilusório… Nem sequer efémero. O nosso reino é sempre mais importante. A esfera que vamos construindo de nós próprios, mais brilhante. Somos sempre melhores que o outro. O outro é confuso, complexo, estranho… A partir de um dado momento, deixamos de escutar, nem aguardamos pela nossa deixa, só a nossa resposta interessa. A nossa resposta é sempre melh

Sexto encontro com o escritor

- São tristes as personagens dos seus livros. A felicidade não o atrai? - A felicidade é um não-conceito. Não tem limites estanques, é escorregadia… - Não é possível escrever sobre ela? - Sim, é possível. O que não é possível é fixar na escrita uma personagem feliz. Feliz como? Para quem? Com base em quê? Nas minhas representações de felicidade? - Não há traços gerais para a felicidade? - A felicidade é um paradoxo: podemos estar felizes na perda e infelizes no ganho… - É então tributária do nosso equilíbrio emocional? - Não. É tributária de um estado de serenidade, de quase passividade, de um “tanto me dá que chova ou faça sol”… - Inércia? - Não. Aceitação. Aceitação do bom e do mau. Sem êxtases. Sem depressões. - E onde vai buscar essa serenidade? - Quem lhe disse que eu era feliz? - Parece entender do assunto… Pelo menos, reflete sobre ele. - Mais uma falácia. Reflito sobre ele porque quero alcançá-la, essa serenidade. Quando somos felizes,