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A mostrar mensagens de dezembro, 2015

Pássaros Feridos

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O princípio é fácil: há feridas que não saram. A pele regenera-se e cobre a fuga. À superfície, tudo liso. Mas, com o mau tempo, a cicatriz dá sinal. Dói. E continuamos a transportá-las, as feridas. Vamos adquirindo e usando técnicas de camuflagem. Entregamos os nossos males a outros curadores curandeiros. Vivemos na esperança de uma remissão. Voltamos por breves momentos à adolescência. Acreditamos novamente no outro. Abrimos tudo... Até as feridas. Mas o outro também traz o seu fardo. Porque é o que atraímos. Imperfeitos. Somos seres imperfeitos. E, como tal, acabamos - mais cedo do que tarde - por dizer o que não deveria ser dito. Por fazer o que não deveríamos ter feito. Procuramos o ponto final da frase inacabada. Lemos e relemos sem encontrar o nexo. Sem culpados, apenas culpa. E choramos sobre o que poderia ter sido, mas não foi. Porque os pássaros prosseguem a sua migração... feridos.