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A mostrar mensagens de julho, 2016

Urgências

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Não me lembro de qualquer detalhe do percurso até ao hospital. Da mensagem recebida até entrar nas urgências, tudo se apagou. Não me deixaram entrar. Comecei por deambular na sala de espera. Li várias vezes todos os cartazes afixados: o da triagem de Manchester, o do apoio à vítima de violência doméstica, os deveres e direitos do acompanhante. Sobretudo esta última parte... As mensagens que fui trocando contigo não me apaziguavam. Só ficaria tranquila quando te visse, te tocasse e depois de ouvir 530 vezes da tua boca que estavas bem. Resolvi fazer as minhas orações. Sentei-me por momentos e fechei os olhos. Comecei por pedir-Lhe desculpa por só me lembrar Dele nestas ocasiões. Depois, disse-Lhe o que eu não queria que te acontecesse. Devo ter tido uns 10 minutos de abstração, até começar a tomar consciência do que se passava à minha volta. As cenas, quase surreais, sucederam-se. A da mulher, amparada por dois homens, que se sentou ao meu lado – qual pontaria! – e que não p

Força Vital

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No ano passado, visitei a riquíssima coleção de arte privada da espanhola Pilar Citoler, no Le Bellevue, em Biarritz. De entre o seu vasto espólio, chamaram-me a atenção dois retratos do fotógrafo “autodidata” francês Pierre Gonnord. Desde Bloncourt que sou apaixonada por retratos. No geral, gosto de apreciar boa fotografia, mas sempre achei que era mais meritório fotografar gente do que paisagens ou objetos. Os rostos e os corpos, as roupagens que os cobrem e o espaço que ocupam em outro espaço maior carregam estórias e mensagens a que cada recetor dará um significado próprio, apoderando-se de detalhes. Por este e outros motivos, não podia deixar de visitar, este ano, no mesmo espaço, a exposição temporária Indarra (“força” em basco) de Gonnord. Os seus retratos são desarmantes, arrepiantes... Sempre em fundo preto, os fotografados olham de frente para a objetiva, sérios... Nos seus olhos, o reflexo de uma janela aberta. É tão desconcertante que dei por mim a repar