O Nada e o Insustentável

Acabo de ler The Nothing de Hanif Kureishi.
Fui influenciada pela audição de 2 podcasts semanais do programa O Amor É conduzido por Júlio Machado Vaz e Inês Medeiros nos quais é feita uma análise profunda da entrevista que este autor inglês deu a um jornal português, e pela leitura extasiada que fiz na adolescência de um dos seus primeiros livros, O Buda dos Subúrbios.
O livro saiu muito recentemente e, como tal, aproveitei uma das minhas últimas viagens a Londres para comprar a versão original. Esperava um grande destaque nos escaparates das livrarias, mas nada… Pior, na Foyles, perguntei pelo livro à menina que estava no guichê das informações e tive de lhe soletrar o nome do autor... E lá fui eu ao 2.º andar, à procura da letra K. Bem, pelo menos, consegui uma primeira edição autografada…
Sobre o tema da relação que estabelecemos com os livros, fui percebendo ao longo dos anos que o melhor é mesmo não começar com grandes expetativas… Neste caso, confesso que parti com essa desvantagem: algumas expetativas…
A verdade é que não consegui estabelecer qualquer tipo de ligação ou empatia com o Waldo, a personagem principal, e que, ainda por cima, é narrador. Quando tal acontece, pouco resta para salvar a pátria.
Contudo, a ideia é boa: o antigo realizador famoso e excêntrico que vive os seus últimos dias e se relaciona com os outros como se de um filme ou de atores se tratasse(m). O tema da infidelidade, da hipocrisia e vassalagem sociais também são tratados, mas de uma forma demasiado caricatural. As referências erotizadas e sexuais são excessivas e cansativas.
O tema do vácuo, do nada, poderia ter sido explorado de uma forma mais intimista. Na verdade, é da verdade que se fala, e, como diz Waldo a certa altura: “The truth is not deep. It is not even hidden. It is just unbearable”.
O que me fez lembrar…


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Sim

Longe daqui

Café Correia