Verdades

Já aqui partilhei neste espaço o meu desencanto com os alguns processos de desenvolvimento pessoal e alguns livros designados de autoajuda.
A forma como cheguei a este livro de Don Miguel Ruiz é por si só um sinal. Um sinal de que valeria a pena dar o benefício da dúvida, ler e enquadrar. Não poderia ter vindo em melhor hora. Uma hora em que necessitei – mais do que nunca – de palavras simples, eficazes e reprodutíveis.
A história de Ruiz é uma história (quase) igual a tantas outras: proveniente de uma família tolteca pobre do México, o mais novo de 13 irmãos, consegue formar-se em medicina e pratica a neurocirurgia até que tem um acidente que o deixa entre a vida e a morte, e o fez repensar tudo. Conclui que a cura do corpo passa pela cura da alma, e regressa às origens para se dedicar ao estudo do xamanismo, tornando-se xamã. Estas 4 Verdades são um pouco o resultado dessa busca.
Li o livro num par de horas e – algo que já não me acontecia há algum tempo – tive necessidade de o reler uma segunda vez. E não sei se ficarei por aqui… O livro cativa pela sua simplicidade, pela alusão a experiências pessoas e pela faculdade de nos pôr a imaginar o que aconteceria nas nossas vidas se aplicássemos estes compromissos.
Tudo se resume a 4 princípios:
1. Sê impecável com a tua palavra: quando, através das palavras, passamos a nossa amargura e as nossas frustrações, mesmo que essas palavras se destinem a outrem, é sobre nós que recai o veneno que elas transportam. Desse princípio se ramificam os outros três.
2. Não leves nada a peito: ao levares a peito, “engoles” todo o lixo emocional dos outros e passas a “transporta-lo” contigo. O que os outros pensam ou sentem é um problema deles e não teu. Só podes ser responsável por ti (nomeadamente, pelas tuas palavras).
3. Não tires conclusões precipitadas: todo o mal que já te aconteceu teve origem em conclusões precipitadas (e no facto de teres levado a peito). Tiramos conclusões sem questionar, assumindo-as como verdades absolutas. É de extrema importância fazer perguntas.
4. Dá sempre o teu melhor: essa é a forma de viveres a vida intensamente. Ao dares o teu melhor, focas-te, és produtivo, bom para ti próprio e para os outros.
Numa viragem recente da minha vida, procurei pôr em prática estes princípios: fui seletiva com as palavras, procurando não utilizar um vocabulário ofensivo, tentei criar uma armadura contra a energia negativa alheia, tentando não tirar conclusões precipitadas e pondo-me no lugar do outro e perdoando. Finalmente, percebi que já levava uma vantagem quanto à quarta etapa: tinha procurado dar sempre o meu melhor… 
Sei que o caminho ainda vai no seu início, que vacilarei algumas vezes quanto a palavras e responsabilizações. Mas, curiosamente, sinto-me em paz, e este livro teve uma impecável palavra a dizer.

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