Pianistas

Nunca tive a pretensão que escrever crítica literária. Não saberia fazê-lo. Os meus contributos apenas têm o objetivo de partilhar sensações deixadas e procurar envolver quem me lê no meu entusiasmo. Há muito que não lia um livro tão bom de um autor português. E, provavelmente, o último que terei lido era também da autoria de Rodrigo Guedes de Carvalho. Excluo obviamente Teolinda Gersão, a minha predileta. São subjetivos os critérios que nos levam a gostar de uma escrita, de um enredo… No meu caso, têm de me fazer viajar, têm de me pôr a visualizar os cenários, os rostos, os corpos, escutar as vozes… Neste, esse desiderato é conseguido na perfeição: consigo construir mentalmente a decoração do salão daquele hotel ou da minúscula casa da Maria Luísa, imaginar o aspeto angelical desta última, ouvir a voz de Pedro Gouveia… Há cenas veiculadas por este livro que jamais esquecerei: a cena da violação de Maria Luísa, os pais de Marco abraçados, o episódio erótico da duc...