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A mostrar mensagens de janeiro, 2020

Uberistas 1

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Mudam-se os tempo, mudam-se as profissões. Nos últimos tempos, converti-me aos uberistas e confesso-me rendida. É como ter um James (o Ambrósio já deve estar reformado) à porta dos sítios de Lisboa onde me movo. São educados, igualmente faladores e, no último Natal, um deles até me ofereceu um Ferrero Rocher. Ah! E são multifunções. Hoje, foi assim: - A Menina está mesmo carregada!... - Não me diga nada... - Aposto que são alergias... - Também... - Está a tomar alguma coisa? - Sim, para a gripe. E pastilhas para a garganta. - Não está a tomar nada para as alergias?! - Ocasionalmente, tomo o Cetix, quando estou muito aflita. - Isso não faz nada! Tem de tomar o Zyrtec! - Ui! O Zyrtec põe-me a dormir... Estou cá em trabalho; tenho de estar concentrada... - Mas agora há um novo, um Zyrtec que é mais fraco. Devia experimentar. - Sim, talvez experimente... - Olhe que eu sei o que é isso! Sofro imenso também. Até que descobri este novo Zyrtec. Também sou massag

A Leitura e a Veleidade da Escrita

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Queria escrever um texto sobre a minha vontade de escrever, sobre o sentido da minha escrita, mas, em vez disso, sou transportada para um gosto maior, um gosto primeiro e primário: o da leitura. Lembro-me de ter aprendido a ler rapidamente, pelo prazer da autonomia e da descoberta; lembro-me até de exibir os meus dotes de leitora, muito pequena. Filha única, os livros ocupavam o vazio da irmandade inexistente, das longas ausências dos meus pais, em trabalho, da solidão. Depois dos livros infantis, veio a coleção “Uma Casa na Pradaria” de Laura Ingalls Wilder, que devorei; mais, tarde, vi a série na TV e orgulhava-me de já saber o que se iria passar, ao pormenor. Sempre gostei mais de livros do que de filmes... Foi também a leitura que me levou à paixão pela língua portuguesa (que, embora sendo a minha língua materna, se se entender por “materna” a que se ouve na barriga da mãe, não é a minha língua primeira). Lembro-me de passar um verão inteiro a dissecar Os Maias a golpes de

Meta-identidade do Escritor

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Nota : O texto que se segue pode conter elementos de “spoiler”. Acabei anteontem a leitura do último livro de João Tordo, A Noite em que o Verão Acabou. Apesar das festas de final de ano e de o livro ser algo volumoso, li-o em duas semanas.  Esta avidez fez-me lembrar a experiência que tive com o livro do suíço Joël Dicker, La Vérité sur l’Affaire Harry Quebert (li a versão francesa; a versão portuguesa intitula-se A Verdade sobre o Caso Harry Quebert, trad. de Isabel St. Aubyn), Grande Prémio de Romance da Academia Francesa. A obra deu, mais tarde, origem à série The Truth About the Harry Quebert Affair, protagonizada por Patrick Dempsey. À semelhança do “Thriller” de Tordo, o livro de Dicker também nos dá conta de um escritor. Contudo, não pretendo aqui fazer comparações. Esta remissão faz-se apenas pelas sensações despertadas. Li alguns comentários ao livro de Tordo e uma boa parte questiona a classificação de Thriller. Outros questionam a fotografia da capa (quem é a ra