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A mostrar mensagens de junho, 2023

Langue Première

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Je replonge dans cette langue… La langue de mon enfance. Ce n’est pas ma langue maternelle, car ce n’est pas la langue de ma mère. C’est la langue d’une enfant tiraillée entre deux mondes, deux cultures, deux amours… C’est la langue des premières chansons, des premières lectures, des premiers savoirs. Je ne l’ai jamais perdue de vue, mise de côté ou rechassée. J’ai fait avec. C’est en faisant son usage que je m’exalte, que j’insulte, que je me perds. Peut-être redeviendra-t-elle ma première langue ?

Consulta 5

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- Então, como tem andado nas últimas semanas? - Não sei responder a essa pergunta... Uns dias bem, outros dias menos bem. - Mas há mais dias bons ou menos bons? - Não consigo quantificar. - Como se sente hoje? - Hoje, estou chocha... - Porquê? O que sente? - Saudade. Um vazio. Tenho a sensação que este processo vai ser longo. Sinto-me sem rumo... - Sem rumo a que nível? - Penso que a todos os níveis... Profissionalmente, nem sei se quero dar seguimento a este projeto... Tenho lido imenso. Refletido, investigado... Aquele segundo livro que me recomendou... Descobri o meu padrão. - Descobriu? - Sim, é o padrão do conflito. Estou a reproduzir e a fazer perdurar o padrão do conflito. - Houve conflitos na sua infância? - Muitos. Sempre houve. Continua a haver. Sempre vivi no seio de uma família conflituosa, na qual as pessoas discutem muito e se viram as costas, se deixam de falar. E sempre tive consciência de que não queria isso para mim. Era por isso que eu detestava discutir com ele. Ele

Mutismo Seletivo

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- Como é a voz da nossa filha, Aurora? - Triste, Carlos, muito triste...   A menina não falava. Ou melhor, só falava com a mãe, desde que não houvesse gente por perto e dizia muito pouco. O essencial.   Foi por volta dos 7 anos. Todos os mecanismos de emergência foram acionados: médico de família, psicóloga escolar, assistente social, terapeuta da fala, pedopsiquiatras, clínicas privadas com nomes pomposos, curandeiros e afins...   Foram ouvidos todos os diagnósticos (stress pós-traumático e mutismo seletivo à cabeça) e até que não era possível fazer qualquer diagnóstico.   Não fosse o facto de não falar, Leonor era uma criança normal. Aprendia bem (quase não precisava da etiqueta “especial” ao “ensino” que lhe era ministrado), gostava de brincar com os outros meninos e de ver desenhos animados.   Quando questionados, os pais exasperavam: não havia maus tratos ou violência doméstica e, por mais que puxassem pela cabeça, não se lembravam de qualquer episódio que pudesse ter constituído

O que é que me aconteceu?

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  Na antevéspera de mais um aniversário, e embrenhada que estou na leitura deste livro (mais um sugerido pela minha psicóloga), impõe-se uma espécie de balanço que limitarei aos últimos 12 meses.   De forma resumida, começo por explicar que este livro é o resultado de uma série de entrevistas da grande Oprah Winfrey ao psiquiatra americano Bruce Perry, da sua própria experiência pessoal e de milhares de entrevista que ocorreram no cenário do The Oprah Winfrey Show a vítimas de violência doméstica e traumas de infância. A grande mensagem do livro é a de que não devemos perguntar a alguém que sofre o  que tem, mas antes o que é que lhe aconteceu, pois, na maioria das vezes, a resposta para o seu sofrimento encontra-se no seu passado e, com frequência, na sua infância. Escusado será dizer que é mais um livro que está a dialogar comigo, a interpelar-me e a deixar lastro.   Não vou dissertar aqui sobre os meus possíveis traumas de infância. Aliás, de acordo com os mesmos autores, perto de 8

Khaalia

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  Magdalina, a mãe de Khaalia, andava num enorme desassossego. Desde que Romulus rompera o noivado com Khaalia, a jovem definhava de dia para dia. Perdera a alegria de viver, isolava-se nos seus aposentos e pouco ou nada falava.   Naquele domingo em que Khaalia não quis sair do quarto e se recusou a ir ao culto, Magdalina tomou a decisão: que Javé a perdoasse, mas na manhã seguinte levaria Khaalia às Montanhas Malditas e encontrar-se-iam com a feiticeira Talã para o derradeiro corte xamânico. Talã privou com Khaalia por mais de 2 horas. Quando saíram do pequeno quarto, Talã quis falar a sós com Magdalina: - Nada posso fazer pela tua filha, Magdalina. Caiu sobre ela a maldição maior. Leva-a às Deusas da Tessália. Procura primeiro Lilith.   Nos dias que se seguiram, e determinada a salvar a sua filha da maldição maior, Magdalina preparou a viagem com afinco: pediu mapas emprestados, estudou rotas, leu advertências, afiou facas, preparou comida. Saíram numa madrugada rosa de março, cada u

Fait-divers 1

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Era empregado bancário, usava fato e gravata, parecia importante. Naquele dia, passaram-lhe a chamada: - Tens de vir depressa, o avô está morto, não sei o que se passou. Quando chegou a casa dos pais, o cenário era perturbador: a mãe chorava descontroladamente e a sobrinha parecia estar em estado catatónico. O pai, estendido no chão da sala, parecia morto, de facto. Não foi capaz de lhe tocar. Ligou para o 115, respondeu às perguntas sem vacilar, só queria que viessem rapidamente. Na verdade, não se lembra do tempo que demoraram a chegar, mas pareceu-lhe tempo a mais. Tudo lhe parecia a mais. Sobretudo as recomendações: - Não toque em nada. Depois da emergência médica foi a espera pelo Médico Legista. Mais uma longa espera. Demasiado longa.   Declarado o óbito, seguiu-se a espera pelos senhores da agência funerária.   Tudo somado, pareceram-lhe várias horas, não se lembra exatamente de quantas. Foram muitas, demasiadas. Quando chegaram os dois senhores de fato preto, chegou com eles, f