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A mostrar mensagens de julho, 2011

Óleo de Cedro

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Voltei hoje àquela praia após quinze anos. Assim que pus o primeiro pé na areia e a minha vista alcançou as barraquinhas, lembrei-me logo dela. Éramos vizinhos de praia. Reservávamos as barracas de um ano para o outro para conseguir os melhores lugares. Apesar de um ano inteiro sem contacto, sabíamos que, logo no primeiro dia, a menina Idalina - Lina para os amigos - lá estaria. Chegávamos por volta das nove e meia, eu, a minha mãe a minha irmã. Hei-de morrer sem ter visto o meu pai pisar a areia e ir ao mar. Quando chegávamos, a Lina já lá estava: - Gosto dos primeiros movimentos na praia – Dizia ela. Embora bastante mais novo, acho que tinha uma paixoneta pela Lina. Fingia não prestar atenção àquela “conversa de mulheres”, mas sorvia cada comentário, cada máxima, cada ritual, cada cheiro. Vinha sempre sozinha, nunca falou muito do resto da sua vida e dos restantes onze meses do ano. Essencialmente, “trabalhava para o bronze”: ia ao mar em linha quase recta, não fosse pelas

Sardinhas

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- Ó chefe, a sardinha é fresquinha? - É, sim senhora! Aqui não há sardinhas dos Intermarchés ou dos Continentes, menina. Fui logo de manhã buscá-la a Aveiro. Já foram 6 caixas! - O.K.. Vamos lá provar isso. Não é pequena para a época? - Não, menina. A sardinha quer-se pequenina. Só se deve virar duas vezes. É como as mulheres: não gosta de ser muito rebolada! - Ah. Não sabia. Vou tomar nota disso. [sorriso] - Aqui dos lados, é só gente a sair descontente: «As minhas estavam moídas…», «Mal-empregado dinheiro!». Aqui, veja! Rijinhas, salgadinhas com sal do mar, grelhas limpinhas… Não falha nada! Já cá veio o Fernando Mendes várias vezes, no outro dia esteve cá o Passos Coelhos… Aqueles senhores que ali estão sentados, estão alojados na Casa dos Melos e há quatro dias que aqui vêm. Dizem que não gostam de correr riscos. Aqui não apanham barretes! - Muito bem! - Têm que provar o nosso polvo à lagareiro e o bife na telha. Cinco estrelas! - Combinado!