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A mostrar mensagens de novembro, 2012

VOGUE

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Tomavas café na Brasileira todos os dias. Depois, ritualisticamente, descias a rua Garrett e ias namorar a montra daquela joalharia cara que só vendia marcas de criadores franceses com nomes compostos, e, logo a seguir, a daquela loja de porcelana luxemburguesa (de que nunca consegui fixar o nome) com motivos kitsch que tu consideravas “o último grito do Design”. A tua figura era inconfundível. Era capaz de te identificar a metros de distância, até mesmo naquelas multidões natalícias do Chiado. Blazer ou sobretudo escuro de alfaiate, impecavelmente engomado, golas para cima e lenço de seda ao pescoço, sapatos pretos de verniz sempre engraxados, cabelo penteado para trás com gel, tez morena e impecável, lábios finos… A nossa amizade era pura e fraterna. Via em ti o irmão que gostaria de ter tido. Costumavas dizer que se eu fosse mais alta, não te teria escapado. Gostavas de mulheres altas e magras, de cabelos longos e pele branca. Eras íntimo da meia-dúzia de modelos

Conversas Piramidais I

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- Há malucos para tudo… - Então? - Então vê tu que um grupo de psicólogos franceses resolveu atualizar a Pirâmide de Maslow e reinventar as prioridades… - Já não temos as necessidades fisiológicas na base? - Não. Essa prioridade foi substituída pela necessidade de ser amado/a… - O amor alimenta… - O lema é “Sou amado logo existo”. - Amar é muita coisa… - Sim, é verdade. Mas é certo que já Freud tinha constatado que, numa relação amorosa, o facto de não nos sentirmos amados reduz a nossa auto-estima. - Nunca há certezas. Amar não é um saber, é uma suposição. - Creio que ao nos sentirmos amados ficamos aliviados do peso da pergunta “o que ando cá a fazer?”. De alguma forma, somos os eleitos de alguém… - E a bidirecionalidade é um requisito? - A essa incógnita creio que nem os psicólogos respondem. O efémero não tem definição.