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A mostrar mensagens de abril, 2013

Pedagogia do Esquecimento (II)

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[O preâmbulo e a primeira parte deste conto foram publicados, respetivamente a 10 de fevereiro e a 3 de março] «Fool, I wonder if you know yourself at all You know that it could be so simple.»     A presença dele, física e/ou virtual, impunha-se-me quando já a esperava. Matematicamente irritante. Depois de semanas esquizofrénicas de noites brancas se terem acalmado, depois de ter quase desistido de olhar para o visor do telemóvel a todos os quartos de hora… Nunca saberá o quanto e como o amei: há sentimentos e estados do ser fora do alcance da esfera narcísica de alguns seres outros. No início do segundo ano, comecei a constatar o que era óbvio: dava-me azar. Sempre que ressurgia na minha vida, algo me era retirado. O saldo da dignidade era o que mais sofria. As perdas iam ficando a depurar no consultório da psicóloga incrédula. Naquele dia, como nas sagradas escrituras, acordei a querer adormecer. Sentei-me na borda da cama e fiquei a olhar para a mala a

Primeiro encontro com o escritor

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- Li o seu último livro. Gostei. - Sério? - Sim. Aliás, se soubesse que estaria aqui, tê-lo-ia trazido para mo autografar. - Não seja por isso. Posso ir ao carro buscar um exemplar e… - Não vale a pena. Não seria a mesma coisa… - Porquê? [sorriso] - Aquele foi o livro que eu li. Está rabiscado, sublinhado, comentado… - Comentado?! Gostava de ver isso… - Demasiado íntimo… - Vejo que te apropriaste dele… Bom sinal. - [meio-sorriso] - O que fazes na vida? - Sou professora. - De quê? - Geografia. - Viajas muito? - Bastante. - Na realidade ou metaforicamente? - As duas coisas. - Estou a gostar disto. Vou buscar uma bebida. O que bebes? - Nada. - Com ou sem gelo. - Com. […] - Escreves? - Nada para levar a sério. - Gostava de te ler. - Na realidade ou metaforicamente? - As duas coisas…