Pedagogia do Esquecimento (II)
[O preâmbulo e a primeira parte deste conto foram publicados, respetivamente a 10 de fevereiro e a 3 de março] «Fool, I wonder if you know yourself at all You know that it could be so simple.» A presença dele, física e/ou virtual, impunha-se-me quando já a esperava. Matematicamente irritante. Depois de semanas esquizofrénicas de noites brancas se terem acalmado, depois de ter quase desistido de olhar para o visor do telemóvel a todos os quartos de hora… Nunca saberá o quanto e como o amei: há sentimentos e estados do ser fora do alcance da esfera narcísica de alguns seres outros. No início do segundo ano, comecei a constatar o que era óbvio: dava-me azar. Sempre que ressurgia na minha vida, algo me era retirado. O saldo da dignidade era o que mais sofria. As perdas iam ficando a depurar no consultório da psicóloga incrédula. Naquele dia, como nas sagradas escrituras, acordei a querer adormecer. Sentei-me na borda da cama e fiquei a olhar para...