10 anos de Vozes Femininas!
Há dias, este meu blogue fez 10 anos.
Apetece-me hoje refletir sobre o seu percurso, sobre o que
me trouxe, sobre o que poderá vir a ser.
Há 10 anos, era quase um ato de coragem ter (e manter) um
blogue; existiam pré-requisitos tácitos (escrever bem era um deles). Há 10 anos
as redes sociais davam ainda os seus primeiros passos e ainda ninguém era
adicto na arte de expor uma vida perfeita por frases feitas e fotografias de
instantes. Escrevia-se. E chegava-se ao fim de semana com aquela vontade quase
pueril de “ir visitar aqueles blogues giros” que nos diziam alguma coisa.
Afirmo-o: foi um ato de coragem criar o Vozes Femininas. Não
me sentia à altura do tal pré-requisito, à altura do que lia nos tais outros “blogues
giros”. Fui encorajada por duas amigas (que achavam que eu preenchia o tal
pré-requisito) e pelas aulas de escrita criativa que desembocaram no meu
primeiro conto publicado em coletânea, o Retratos a Sépia. Mas, devo dizê-lo, foi um
percurso tateante, inseguro, inconstante…
O que me trouxe o Vozes Femininas?
Jonathan Lehmann (um lobo de Wall Street transformado em
guru espiritual) diz que a felicidade se alcança em 3 etapas: sermos
espetadores dos nossos pensamentos (ou, como agora se gosta de dizer, praticar
meditação), praticar a gratidão e esvaziar o nosso lixo mental, exteriorizando
pensamentos.
Penso que foi um pouco disto tudo que me trouxe o meu blogue.
- Meditação, porque acredito que há muitas formas de meditar
e que uma delas é, precisamente, a de estarmos atentos aos nossos pensamentos
com vista à criação literária. Não ando sempre com um bloco de apontamentos a
escrevinhar ideias soltas, mas, quem me conhece bem (são poucos os que se já se
aperceberam), sabe que me perco em elucubrações e mundos imaginários (sim, tive
o tal amigo imaginário quando era criança).
- Gratidão, porque cada texto, à sua maneira, é uma
homenagem – tácita ou expressa - a pessoas, estórias, lições, músicas, filmes,
emoções!
- Exteriorização… sem dúvida. Nas Vozes Femininas,
exteriorizo as minhas frustrações (seja na primeira pessoa, seja pela boca das personagens
que crio de forma interesseira), os meus medos, os meus desencantos, as minhas
raivas e limitações. Mas exteriorizo também (seja na primeira pessoa, seja pela
boca das personagens que crio de forma interesseira) as minhas admirações, as
minhas conquistas e alegrias, as minhas esperanças.
O que poderá vir a ser o Vozes Femininas?
Nada pretendo além de que continue a ser o meu blogue, onde
me esvazio de tempos a tempos. Um blogue “giro” seguido por uma meia-dúzia de
fiéis seguidores que, amiúde, me fazem chegar o seu parecer.
Recentemente, iniciei uma recolha (que, neste momento, conta
as 100 páginas) dos textos ficcionais (micro-contos e contos, alguns não
publicados no blogue) que, sem qualquer tipo de pretensão editorial ou literária, tentarei
publicar em suporte de livro (sim, em papel). Não tenho ambições literárias
(quanto mais leio autores como Teolinda Gersão, Almeida Faria ou Clarice
Lispector, mais me convenço de que não preencho o tal do pré-requisito…). Mas,
um dia, um amigo meu ofereceu-me orgulhosamente um livro escrito pelo seu avô e
aquele sorriso ficou-me na memória. E não quero deixar um link aos meus netos…
Finalmente, volto à gratidão, porque é com ela que se
constroem laços e estórias inesquecíveis. Estou infinitamente grata àquelas
pessoas, conhecidas ou desconhecidas, que me foram deixando mensagens de
incentivo (sobretudo nos primeiros anos) e que viajaram nos meus textos. Obrigada!
Comentários
Há algum tempo que não venho ao blogue, talvez o mesmo em que não estou contigo.
Um blogue, como a própria vida, carece de sonho, estímulo. Arranja-me um espacinho no teu caminho, construamos, novamente, pequenos sonhos!
Sou hoje dei por este comentário perdido... Peço desculpa!
Logo de ti que fazes parte deste percurso e que sempre me acarinhaste com a tua leitura, o teu cuidado, os teus comentários!...
Beijinho grande!