Rua das Flores


Um dia, fui parar acidentalmente àquela rua. Se é que ainda se pode dizer que as coisas nos acontecem acidentalmente…

Foi há mais de duas décadas. Calcorreava eu as ruas do Porto, na inconsciente esperança do reconhecimento geográfico pela sola dos sapatos. Percorri a rua até à Ribeira, tão depressa quanto me foi possível; além da degradação urbanística e da escuridão, depressa percebi que aquela artéria era local de intenso tráfico de drogas.

Mais de 20 anos volvidos, o meu trabalho levou-me novamente à rua, a um serviço municipal que, entretanto, lá se instalou.

Completamente reabilitada e, agora, exclusivamente pedonal, a rua que - em tempos de D. Manuel I - fora de mercadores e ourives, está irreconhecível e demorei algum tempo a estabelecer a ligação.

Artistas de rua, saboneterias, chocolatarias, hotéis, restaurantes e cafetarias de charme (este último qualificativo aplicando-se a todos os locais enumerados). Só as lojinhas de souvenirs em cortiça e com as camisolas do FCP penduradas à porta me lembraram que estava na Invicta.
Por instantes, vi-me transportada para uma rua do Montmartre dos anos 80.


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