Ana Maria
Sempre tive uma admiração secreta (not anymore…) por quem, sem o esperarmos, resolve virar a sua vida de pernas para o ar. Pessoas há que estão sempre a ameaçar: «qualquer dia faço…». Outras, pela calada, preservando toda a sua intimidade e o seu espaço, chegam um belo dia e… «Vou viver para a Austrália.» Ponto final. Não é ponto de exclamação. Não são reticências. É ponto final. Eu e a Ana Maria costumávamos “dar boleia” uma à outra no comboio que nos levava e trazia de Cascais para Lisboa e de Lisboa para Cascais. Éramos colegas e trabalhávamos com frequência nos mesmos eventos. Aqueles 45 minutos a contornar a marginal traziam consigo um halo de paz e tranquilidade. A Ana é mais velha do que eu (tem quase a idade da minha mãe) e é daquelas mulheres eternamente belas pela sua serenidade e olhar longínquo. As viagens eram alternadas entre silêncios, venturas e desventuras. Guardo como sábios todos os conselhos que a Ana Maria me foi dando ao longo dos anos de viagem. Sensatez, pondera...