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A mostrar mensagens de janeiro, 2011

Consultas II

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- O que é que escreves nesse caderno? - Tiro notas. - Notas… Aquilo que eu digo ou as tuas impressões sobre o que vou dizendo? - As duas coisas. - Digamos que é a minha “biografia não autorizada”… Quando publicares avisa para eu me pôr a milhas! [risos] - Vejo que não perdeste o sentido de humor. - Sabes, o meu sentido de humor é proporcional ao meu estado depressivo… - Queres explicar? - Não sei o termo certo. Ando lamechas. - “Lamechas” como? - Choro por tudo e por nada. Ponho-me a ouvir música fatela; aqueles ersatz de Whitney Houston que tanto critico. Ponho-me a remexer nas coisas que ele me deu. Até nesse ponto estou em desvantagem… - Como assim? - Eu só lhe oferecia “consumíveis”, coisas que não deixassem rastos… Inconscientemente, acho que estava a protegê-lo. Ele, oferecia-me objectos, coisas que perduram e das quais não me consigo livrar. Partilhei os meus sítios com ele. Só agora me apercebo que o contrário não aconteceu o que faz de mim uma condenada às memórias… - Tens dor

Consultas I

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- Porque dizes que sabias que voltarias cá? - Soube-o cedo. Desde o primeiro “Game Over”. Vi logo onde isto me levaria… Às vezes, lembrava-me desse teu quadro. - Qual deles? - Esse aí, atrás de ti. O das pontezinhas. É Hamburgo, não é? - É… Tentaste afastar-te? - Várias vezes. Mas voltava sempre ao contacto. - Tu? - Sim, sempre eu. Era como andar nos A.A. e voltar sempre a cair na tentação do próximo copo. - Voltaste a vê-lo? - Vi-o há dias. - Falaram? - Small talk. Só faltou falar no tempo que fazia. Nem me perguntou pelo David. - E então? - E então, pensei que estava preparada, mas não estava. Sou uma parva. - O que é que te preocupa mais neste momento? - É a noite. Vou para a cama e fico a lutar com a caixinha dos comprimidos escondida com o rabo de fora atrás do retrato do David: tomo não tomo. Ultimamente, só tenho tomado à quarta noite consecutiva… Depois, é o contar das horas, os filmes a passar na minha cabeça, os exercícios premonitórios. Preocupa-me também o facto de este déf

Q.E.

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Emocional Até ao tutano, com direito a tatuagem, Olhar espelhado e tremores vocálicos. No dever e na paixão. Quando ouço, leio, falo, canto, grito, esbracejo, tranquilizo, sossego, acalmo. Emoção É a minha língua materna, A minha língua esperântica; Recuso-me a traduzi-la. Sob pena de não haver intérpretes disponíveis, Sob pena de as etiquetas não serem as correctas. So what? Temperamental, intempestiva, exagerada? Sou emocional. Sem fitas, nem limites De choro e riso fáceis Confesso-me. Com tudo o que comporta de bom e de mau. Vivo-me. Partilho-me. Emociono-me na perspectiva de outros emocionais, De pares, sósias, siameses Que não necessitam de explicações, que não se ofuscam. Para quem meia-emoção basta.

Passwords

Alterei todas as minhas passwords para não ter de me lembrar da Foz do Paixão das viagens ao Deserto da Filosofia do Caramulo e dos Anos Pares. Como se não as escrever apagasse desconstruísse, retrocedesse. As actuais, são mais terrenas, menos seguras… Talvez me façam adormecer e regressar.