Consultas I

- Porque dizes que sabias que voltarias cá?
- Soube-o cedo. Desde o primeiro “Game Over”. Vi logo onde isto me levaria… Às vezes, lembrava-me desse teu quadro.
- Qual deles?
- Esse aí, atrás de ti. O das pontezinhas. É Hamburgo, não é?
- É… Tentaste afastar-te?
- Várias vezes. Mas voltava sempre ao contacto.
- Tu?
- Sim, sempre eu. Era como andar nos A.A. e voltar sempre a cair na tentação do próximo copo.
- Voltaste a vê-lo?
- Vi-o há dias.
- Falaram?
- Small talk. Só faltou falar no tempo que fazia. Nem me perguntou pelo David.
- E então?
- E então, pensei que estava preparada, mas não estava. Sou uma parva.
- O que é que te preocupa mais neste momento?
- É a noite. Vou para a cama e fico a lutar com a caixinha dos comprimidos escondida com o rabo de fora atrás do retrato do David: tomo não tomo. Ultimamente, só tenho tomado à quarta noite consecutiva… Depois, é o contar das horas, os filmes a passar na minha cabeça, os exercícios premonitórios. Preocupa-me também o facto de este défice de sono já se estar a notar; sempre convivi melhor com rugas e cabelos brancos do que com olheiras: as olheiras geram comentários. E esqueço-me das coisas, tenho brancas inexplicáveis. O meu trabalho está a ser afectado. Isso preocupa-me.
- Achas que voltarás a contactá-lo?
- Não, acho que não… [risos] «Chamo-me Sónia e não bebo há 33 dias»

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