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A mostrar mensagens de agosto, 2017

O Nada e o Insustentável

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Acabo de ler The Nothing de Hanif Kureishi. Fui influenciada pela audição de 2 podcasts semanais do programa O Amor É conduzido por Júlio Machado Vaz e Inês Medeiros nos quais é feita uma análise profunda da entrevista que este autor inglês deu a um jornal português, e pela leitura extasiada que fiz na adolescência de um dos seus primeiros livros, O Buda dos Subúrbios. O livro saiu muito recentemente e, como tal, aproveitei uma das minhas últimas viagens a Londres para comprar a versão original. Esperava um grande destaque nos escaparates das livrarias, mas nada… Pior, na Foyles, perguntei pelo livro à menina que estava no guichê das informações e tive de lhe soletrar o nome do autor... E lá fui eu ao 2.º andar, à procura da letra K. Bem, pelo menos, consegui uma primeira edição autografada… Sobre o tema da relação que estabelecemos com os livros, fui percebendo ao longo dos anos que o melhor é mesmo não começar com grandes expetativas… Neste caso, confesso que parti com essa

Desencanto

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Li o título e interpretei-o como uma provocação. The Subtle Art of Not Giving a Fuck … Não é extraordinário, mas está bem escrito, é honesto e gosto do estilo humorístico do autor. Também teve o mérito de me pôr a refletir sobre uma questão que tem vindo a “incomodar-me” nos últimos tempos: o meu “desencanto” com o Desenvolvimento Pessoal. Digamos que já experimentei algumas abordagens, já li uma boa série de livros e fiz uma boa dezena de formações na área do dito Desenvolvimento Pessoal. Conheci pessoas sérias e credíveis, com provas dadas e recebidas, que, de alguma forma, nos vão servindo de inspiração ou referência. Mas também já conheci autênticas fraudes, comunicadores motivacionais desonestos e formadores de pseudométodos que se tomavam por iluminados… De ambos os lados, chego quase sempre às mesmas conclusões: os efeitos são efémeros, as ressacas (da falta dos efeitos) são duras e só podes contar com a tua própria pessoa, pois, em última análise, o Desenvolvimento

Sopa de Letras

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Abeirou-se discretamente da mesa onde se encontrava um senhor bem-posto. - Quando o senhor acabar de ler o jornal pode-mo passar, se faz favor? - Com certeza. Mas olhe que só agora comecei. - Sim, eu sei, eu apercebi-me. É o jornal que me falta, o Público. - Olhe que é A Bola… - Ah! É a bola? Bolas… A Bola… A bola, para mim, é redonda… Não tem Sopas… - Julgo que tem Palavras Cruzadas. - Só quero Sopas… Onde raio se terá metido o Público? Ainda há pouco estava nesta mesa… - Não o vi, peço desculpa. - Eu já o descubro. Obrigada. Voltou a sentar-se à sua mesa e distribuiu olhares furtivos às outras mesas à procura do malfadado Público. Quando finalmente descobriu o item perdido numa cadeira a três mesas dela, levantou-se num ímpeto e resgatou a preciosidade, de olhar triunfante. Com um indisfarçável sorriso de orelha a orelha, refastelou-se na cadeira e foi direta à página da sopa de letras. O seu olhar ensombrou-se. O seu rosto já enrugado pareceu ainda mais velho

Back to London

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Eu – que nem aprecio muito a cidade – voltei a Londres, após 15 dias. 15 dias depois de ter assistido ao concerto de Céline Dion no O2 Arena, volto a Londres, desta feita, em trabalho, mas com algum tempo disponível para lazer, e para cumprir mais um sonho, que a vida é curta… Assisti ao vivo ao musical O Fantasma da Ópera no Her Majesty’s Theatre. Desde o elenco original encabeçado por Michael Crawford e Sarah Brightman, e do filme de 2004 que me levou às lágrimas, que tenho vontade de testemunhar esta produção ao vivo. Valeu cada minuto. Para começar, o teatro de Sua Majestade é monumental, os cenários idílicos, o guarda-roupa deslumbrante, a orquestra fabulosa. O elenco atual – com Ben Foster e Celinde Shoenmaker nos principais papéis - não fica a dever nada a Crawford, a Brightman & Co.. Alguém me sugeriu recentemente que deveria voltar às minhas aulas de canto lírico. Não tenciono fazê-lo, mas confesso que este musical me pôs a viajar no tempo: ao tempo dos aquecim

O Amor é um Desvario

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O último livro de contos de Teolinda Gersão é delicioso. Fez-me lembrar o quanto gosto desta forma encurtada de escrita, fez-me viajar ao tempo do Páginas Lentas (coletânea com 3 edições na qual publiquei 3 contos) e deu-me vontade de voltar à escrita ficcional. À minha escrita. Como bem resume Maria Alzira Seixo, Teolinda escreve a vida. Escreve o que dela interessa, o que dela levamos: os prantos, os amores (os maiúsculos e os minúsculos), os desvarios, as loucuras… Envolvente, lê-se de um trago e pede-se mais. Deixou-me a pensar como se gere a questão da passagem do conto ao romance (e vice-versa). Pergunto-me algumas vezes se seria capaz de escrever algo tão longo quanto um romance… Mas essa passagem não constitui problema para Teolinda que manuseia a língua portuguesa com elegância e alguma ousadia (q.b.). O último conto, Alice in Thunderland , é surpreendente. A ideia de dar voz a Alice, de a pôr a contar a sua versão dos acontecimentos “underground” é genial. Há