Servidão Humana



Uma peregrinação de 700 páginas…
A peregrinação de Philip em terras de Kent e Londres, na Inglaterra, em Heidelberg na Alemanha, em Paris... A sua peregrinação imaginária por terras de Espanha e pelo Oriente. A peregrinação que foi a sua vida, a sua desdita, os seus amores e desamores.
E a peregrinação da leitora… É impossível não se ficar enternecida com a bondade desta criatura, não sentir pena da sua má sorte, não ficar irritada a cada vez que Mildred reaparecia na sua vida e este, subserviente, lhe voltava a abrir a porta. Ou partilhar da sua frustração pelos caminhos que a nenhum lado levaram e que só valeram pelo percurso e pelos ensinamentos deixados.
Da sua meninice e da sua luta interna contra os dissabores trazidos pela deformidade física, que lhe puseram, desde cedo, a nu a crueldade do homem, passando pela adolescência em casa dos tios, pelas suas existenciais dúvidas de fé, às suas tentativas de libertação através de diversas carreiras goradas. E, finalmente, a sua entrega à medicina, na qual acabou por encontrar um sentido – que tanto procurara! - para a vida.
E, ao mesmo tempo que se constrói a história, constrói-se um homem íntegro e humilde, incapaz de derivas, culto e curioso, amante de arte e literatura, um filósofo em todos os sentidos da palavra, um esteta, um filantropo!
O sentido da vida, acaba por encontra-lo no que esta tem de mais simples e alcançável. Sem artifícios, sem arrebatamentos, sem grandes incursões…
Já quase no final da estória, Philip questiona o que Sally terá visto nele para se apaixonar tão genuinamente. Na sua infinita simplicidade, Philip pode até não compreender, mas, para acompanhou a peregrinação de fora, para a leitora, é tão fácil compreender!



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