Consultas II
- O que é que escreves nesse caderno? - Tiro notas. - Notas… Aquilo que eu digo ou as tuas impressões sobre o que vou dizendo? - As duas coisas. - Digamos que é a minha “biografia não autorizada”… Quando publicares avisa para eu me pôr a milhas! [risos] - Vejo que não perdeste o sentido de humor. - Sabes, o meu sentido de humor é proporcional ao meu estado depressivo… - Queres explicar? - Não sei o termo certo. Ando lamechas. - “Lamechas” como? - Choro por tudo e por nada. Ponho-me a ouvir música fatela; aqueles ersatz de Whitney Houston que tanto critico. Ponho-me a remexer nas coisas que ele me deu. Até nesse ponto estou em desvantagem… - Como assim? - Eu só lhe oferecia “consumíveis”, coisas que não deixassem rastos… Inconscientemente, acho que estava a protegê-lo. Ele, oferecia-me objectos, coisas que perduram e das quais não me consigo livrar. Partilhei os meus sítios com ele. Só agora me apercebo que o contrário não aconteceu o que faz de mim uma condenada às memórias… - Tens dor...