Poesia Traduzida I

J’écris pour que le jour…

J’écris pour que le jour où je ne serai plus
On sache comme l’air et le plaisir m’ont plu,
Et que mon livre porte à la foule future
Comme j’aimais la vie et l’heureuse Nature.
Attentive aux travaux des champs et des maisons,
J’ai marqué chaque jour la forme des saisons,
Parce que l’eau, la terre et la montante flamme
En nul endroit ne sont si belles qu’en mon âme !
J’ai dit ce que j’ai vu et ce que j’ai senti,
D’un cœur pour qui le vrai ne fut point trop hardi,
Et j’ai eu cette ardeur, par l’amour intimée,
Pour être, après la mort, parfois encore aimée,
Et qu’un jeune homme, alors, lisant ce que j’écris,
Sentant par moi son cœur ému, troublé, surpris,
Ayant tout oublié des épouses réelles,
M’accueille dans son âme et me préfère à elles…

(Anne de Noailles, L’Ombre des jours, 1902)


Escrevo, para que no dia…

Escrevo, para que no dia em que já não viver
Se saiba como me agradaram o respirar e o prazer,
E que o meu livro conte à futura multidão
Como eu amava a vida e a Natureza em criação.
Atenta às lides dos campos e das casas,
Registei em cada dia as estações e suas formas,
Porque a água, a terra e a crescente chama
Em nenhum lugar são mais belas do que na minha alma!
Contei o que vi e o que senti,
A verdade nunca foi excessiva para mim,
E senti este ardor, pelo amor intimada,
Para que, depois da morte, ainda seja às vezes amada,
E então um rapaz, ao ler o que escrevi,
Sentindo emoção, perturbação, surpresa através de mim
Esquecendo tudo das térreas esposas,
Me acolha na sua alma e me prefira a elas…

(Anne de Noailles, L’Ombre des jours, 1902 | Traduzido por Ana B. Cabral)

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