Simulacro

Há dias, revisitei Baudrillard e a sua teoria do simulacro.
A teoria deste filósofo e sociólogo [aqui está uma dupla que costuma dar bons resultados!] francês tem por base a ideia de que o real é substituído por imagens (ele que também era fotógrafo, sem acaso) e de que o referente vivido desapareceu.
Num período em que ando particularmente introspectiva e “analista”, dei por mim a procurar evidências dessa teoria à minha volta. Fiquei espantada com a quantidade de resultados da minha pesquisa! Só ainda não percebi onde me posiciono nesta realidade virtual matrixiana…
Refiro-me a indivíduos, se é que esse conceito é válido no mundo das imagens e dos simulacros. Cópias de “pessoas” cujo original se perdeu numa infância malsã, numa juventude ou adultez (perdoem-me o neologismo, mas vem mesmo a calhar) maquilhada, sem percalços de maior. Pessoas que vivem num paralelo onde o cenário envolvente – ao jeito do videojogo SIMS – é por elas seleccionado e “construído” (aviso já que, dado o tema, o presente texto será povoado de aspas…). Desde a sua imagem, na perspectiva social e etnológica de aspecto, indumentária, status, competência comunicacional, etc., à imagem que têm dos outros e do “mundo” em que “vivem”.
Na sua versão original, foram crianças que não choraram a ver filmes de cães desaparecidos nas montanhas. Foram adolescentes rodeados de hipocrisia, falsas virtualidades, em nome de… De quê? Next. “Adultos”, formulam teorias idealistas que não ajudam a concretizar, apontam insistentemente o dedo sem mostrar soluções, porque estão, intocáveis, no seu pedestal magistral cor de malva ou outra qualquer, é só escolher no menu roll-up.
A sua verborreia é enganadora. À primeira abordagem, para os mais desatentos ou para os seus pares, parecem “humanistas” e proactivos. Fazem e acontecem. Esgotado o tempo de espera, conclui-se que nada fizeram e nada aconteceu. Pelo menos, no mundo real.
Tendo a acreditar que a existência deste espécime é nociva para a sociedade. Constitui um entrave, uma pedra no sapato dos que pretendem fazer, dos que agem. Tal acontece porque há, nessa mesma sociedade, pessoas que, não vindo dessa esfera imagética, por ingenuidade ou comodismo, ouvem o que estes dizem, lêem o que escrevem e… subscrevem, não questionando.
O único vírus capaz de atacar eficazmente essa realidade virtual e de entrar nos seus sistemas destruindo-os é a lucidez. Ao jeito de Saramago, não estará na hora de a restante população que ainda se encontra ligada à terra deixar de votar em branco?

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