Sociedades Fracassadas

Fábulas. Sempre gostei de fábulas. Todas. As de Aquilino, as de La Fontaine, as de Bourgeade (que põe homens a comer armários)… A metáfora é o meu recurso expressivo de eleição.
Acabo de ler o último livro do filósofo espanhol José Antonio Marina, Las Culturas Fracasadas – El talento y la estupidez de las sociedades. O que acontece a um formigueiro – uma “sociedade perfeita” – quando, de repente, as formigas se tornam inteligentes, reflexivas e autónomas? Querem adivinhar? Livro delicioso.
As reflexões do autor sobre o poder “dissolvente” da inteligência são provocatórias, mas fundamentadas. De facto, este conceito bergsoniano transporta-nos para a evidente “dissolução” que gravita na N/ sociedade; “dissolução” aqui entendida como sinónimo de “falta de consistência” ou “falta de coesão”. Uma sociedade onde todos opinam em modo “dissolvente”, claro está. Se, para Marina, a inteligência é a capacidade de dirigir bem o comportamento, captando, elaborando e produzindo informação, podemos concluir que a contra-informação é o quê? Falta de inteligência? Quebra-cabeças…
Marina explica as crises económicas na senda de Akerlof, Prémio Nobel da Economia: aparecem quando valores reais são substituídos por valores fictícios. A esta explicação junta conceitos como os de “capital social das cidades”, “sociedades fracassadas”, “sistemas políticos fracassados”, “estilos afectivos de cada cultura”, “memória do passado”… A lista é longa e profícua.
O contexto é propício à leitura deste livro. Não explica tudo (pelo menos, eu continuo com dúvidas… talvez deva relê-lo…), mas aponta pistas interessantes.
Fica a sugestão.

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