Cartas de Amor
Acabo de ler as Cartas de Amor de Pablo Neruda. Uma recolha da D. Quixote das cartas que o autor escreveu entre 1950 e 1973 a Matilde Urritia. A organização está interessante: vai do arrebatamento da paixão inicial ao amor amadurecido dos últimos anos, já saído da clandestinidade.
Contudo, não sei se por ter partido de expectativas demasiado elevadas, se por ter embirrado com a tradução, esperava mais… Ainda assim, teve uma certa piada voltar a este “registo”.
Afinal, ainda alguém escreve cartas de amor? Daquelas escritas em taquicardia, em papel (= fibras de celulose) e com caneta (BIC, Monblanc, pouco importa desde que seja caneta)? Cartas movidas pelo ímpeto incontrolável do agora ou nunca, escritas de um trago, na urgência da remissão…
Não creio.
Ficará uma falha aberta na educação emocional das gerações “SCE” (= SMS/Chat/E-mail)…
Será que o sinal da SMS tem a mesma força do bilhetinho colocado na mochila? Que os pseudodiálogos povoados de abreviaturas e caracteres únicos têm o mesmo tom das conversas combinadas no recreio? Que as mensagens de e-mail informaticamente processadas têm a mesma estética do traçado no papel que chegou das mãos de um mensageiro cúmplice?
Ou ainda: será que as “novas comunicações” preenchem a gaveta/a caixinha das recordações? O cheiro do suporte amarelecido, a fita de veludo, as análises caligráficas-semânticas-sintácticas feitas vezes sem conta? E a releitura?
Obviamente, isto é conversa de quem vive intergeracionalmente, de quem experimentou as duas modalidades.
Reflexões condenadas ao silêncio.
Contudo, não sei se por ter partido de expectativas demasiado elevadas, se por ter embirrado com a tradução, esperava mais… Ainda assim, teve uma certa piada voltar a este “registo”.
Afinal, ainda alguém escreve cartas de amor? Daquelas escritas em taquicardia, em papel (= fibras de celulose) e com caneta (BIC, Monblanc, pouco importa desde que seja caneta)? Cartas movidas pelo ímpeto incontrolável do agora ou nunca, escritas de um trago, na urgência da remissão…
Não creio.
Ficará uma falha aberta na educação emocional das gerações “SCE” (= SMS/Chat/E-mail)…
Será que o sinal da SMS tem a mesma força do bilhetinho colocado na mochila? Que os pseudodiálogos povoados de abreviaturas e caracteres únicos têm o mesmo tom das conversas combinadas no recreio? Que as mensagens de e-mail informaticamente processadas têm a mesma estética do traçado no papel que chegou das mãos de um mensageiro cúmplice?
Ou ainda: será que as “novas comunicações” preenchem a gaveta/a caixinha das recordações? O cheiro do suporte amarelecido, a fita de veludo, as análises caligráficas-semânticas-sintácticas feitas vezes sem conta? E a releitura?
Obviamente, isto é conversa de quem vive intergeracionalmente, de quem experimentou as duas modalidades.
Reflexões condenadas ao silêncio.
Comentários
Hoje...estou como tu! Bipolarizada entre visões, papel e écran! Ainda recebes cartas de amor? Eu, só dos meus filhos! Que pena perder-se esse hábito!
Além das da minha filha, já não recebo cartas de amor... É triste, não é? Havia de ser obrigatório: «Artigo XX: O ser amante fica obrigado a escrever ao ser amado, com a frequência de 2 vezes por mês, uma carta de amor, e este último compromete-se a responder no prazo útil de 1 dia. O incumprimento desta norma incorre em multa pesada...».
Beijo e obrigada pela visita!