Pedagogia do Esquecimento (I)
[O preâmbulo deste pequeno conto foi publicado neste espaço
a 10 de fevereiro de 2013]
A decisão definitiva do esquecimento chega no dia em que se
perde a ingenuidade de acreditar numa (im)possível amizade.
«Will you see me in the
end
or is it just a waste
of time trying to be your friend»
No dia em que tomamos consciência de que, no dia de Natal,
nos apressamos a telefonar para desejar boas festas, com o medo inconsciente de
ficarmos toda a ceia à espera do nada.
No dia em que descobrimos que, afinal, não somos mais do que
mais um apagão na incessante e doentia procura de luz do outro.
No dia em que a raiva e a diabolização dão lugar à
compreensão, porque só há raiva relativamente ao que não se compreende.
No dia em que, finalmente, decidimos falar do que já não
temos, porque é mais fácil, porque as lágrimas secaram.
No dia em que tivemos a coragem de fazer um percurso
diferente, de apagar rastos, de fechar a porta, de deixarmos de lamentar o
tempo perdido…
I don’t even want to be
your friend
Março de 2013
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