Elevador


Encontrei-te hoje no elevador de um centro comercial. Já não te via há 7 anos e confesso-te que, ao longo desse tempo, aprendi a não pensar em ti.

Foi estranho.

Embora distantes, sem contacto, sempre estivemos, de alguma forma, ligadas.

Ligadas por um sonho.

Ligadas pela música, por duetos sincronizados, por um sol que, afinal, caiu.

Hoje, envergonho-me de algumas palavras que te possa ter dito (disse?). E que, se não disse, pensei, o que, no fundo, vai dar ao mesmo.

Devíamos nascer todos com o dom do registo certo, da serenidade na ponta da língua... Chamam-lhe "maturidade"...

Não mudaste muito. Achei-te mais magra e envelhecida. Um pouco triste, talvez. Não te entusiasmaste muito com o nosso encontro, ao contrário de mim.

Eu e os meus entusiasmos precoces...

Não gostei da forma como mandaste reter a porta do elevador. Podias ter descido mais um piso para conversarmos mais um pouco.

Na verdade, nem conversámos. Circunstanciámos.

É incrível a quantidade de conclusões que podemos tirar de uma fração fortuita de segundos.

- Nem sabes quem vi hoje no elevador do Shopping - dirás ao chegar a casa.
Dirás?

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