Um sentido de estar

Hoje, estive contigo, depois de tantos anos…
Quando imaginava esse potencial momento, imaginava-o mais difícil, mais tenso. Uma quase impossibilidade…
Mas não foi assim.
Os reencontros nunca são como nós os imaginamos…
Não escolhi a melhor combinação do meu armário.
Não fui ao cabeleireiro.
Não ensaiei nenhum guião.
Estivemos. Simplesmente.
Respirei fundo e entrei na pastelaria à hora combinada. Vi-te de imediato.
Não fiz qualquer tipo de constatações. Estarias mais velho? Mais gordo? Com menos cabelo?
Nem sei. Estavas… apenas.
Confesso que, numa fração de segundos, tive vontade de te abraçar.
Mas, pela primeira vez na história da nossa estória, havia um cenário, figurantes e ponteiros de relógio.
Pouco lembro das palavras que trocámos. O essencial foi comunicado com o olhar, alguns gestos inquietos, sorrisos esboçados, ténues…
Em que momento da nossa história nos largámos da mão? Que palavras foram ditas? Que silêncios cortaram? Que ações foram julgadas?
Não me lembro?
Lembras-te?
Só me lembro do pós… Do vazio, dos dias inertes, da avassaladora impotência, de um sentimento de mim opressor…
Mesmo quando consegui “refazer a minha vida”, encher a casa de filhos, de barulho, de distrações, de outras estórias, de agendas cheias…
Sem saber de ti, estavas.
E agora? Que continuidade, que contornos tomarão as nossas vidas? Voltaremos a tomar café? A trocar mensagens inócuas? Conseguirei dormir esta noite? Encontrarei explicações? Preciso de explicações? Preciso de respostas?
Deixámos de ser, passámos a estar.


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