Concerto

Apareceste. Não te fazia ali. Olhámo-nos. Ou melhor, mergulhei nos teus olhos e tardei em voltar à margem. Tu acolheste-me no teu mar.

Não pudemos trocar palavras, mas dissemo-nos tanta coisa. Cada nota que jorrava daquele piano traduzia um dos nossos pensamentos. Imagens a preto e branco, mas tão belas! A felicidade.

Não. Este é o relato de como eu gostaria que tivesse sido. Mas não foi.

Na verdade…
Apareceste. Não te fazia ali. Olhámo-nos. Ou melhor, eu mergulhei na tua imagem e tu fugiste para a margem. Não me acolheste e fiquei à deriva.

Obviamente, não trocámos palavras, mas eu disse-te tanta coisa! As notas que jorravam daquele piano marcavam apenas o compasso dos meus pensamentos em catadupa. Imagens caricaturais como num filme de Felini. A desilusão.

O que te disse? Disse-te que tenho pena. Pena que não tivesses sido o que projetei em ti. Pena da tua desistência. 

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