Pássaros Feridos

O princípio é fácil: há feridas que não saram.
A pele regenera-se e cobre a fuga.
À superfície, tudo liso.
Mas, com o mau tempo, a cicatriz dá sinal. Dói.
E continuamos a transportá-las, as feridas.
Vamos adquirindo e usando técnicas de camuflagem.
Entregamos os nossos males a outros curadores curandeiros.
Vivemos na esperança de uma remissão.
Voltamos por breves momentos à adolescência.
Acreditamos novamente no outro.
Abrimos tudo... Até as feridas.
Mas o outro também traz o seu fardo.
Porque é o que atraímos.

Imperfeitos. Somos seres imperfeitos.
E, como tal, acabamos - mais cedo do que tarde - por dizer o que não deveria ser dito. Por fazer o que não deveríamos ter feito.
Procuramos o ponto final da frase inacabada. Lemos e relemos sem encontrar o nexo.
Sem culpados, apenas culpa.
E choramos sobre o que poderia ter sido, mas não foi.
Porque os pássaros prosseguem a sua migração... feridos.


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