Desapego
Hoje, dou-me conta do desapego. Do seu poder curativo.
Quando as convenções já não suscitam o medo. Quando olhas à
tua volta e a matéria já nada ou pouco te diz. Quando, pelo contrário, tens uma
enorme vontade de construir com pouco e de te libertares o mais possível do
excedente. Quando é a essência do outro que te apaixona, o que esse outro
provoca em ti, em sensações, e não o que te dá ou proporciona. Quando percebes
que estás mais leve, mais tranquilo(a), que dormes melhor. Quando tudo o que se
atravessa no teu caminho se encaixa e deixa uma mensagem. Quando estás
atento(a), focado(a), uma pessoa melhor, para ti e para os outros. Quando
consegues olhar adiante e sorrir da existência que te está reservada.
Porque um dia acordaste em lágrimas e tiveste a coragem que
te faltou anos a fio, e desafiaste-te a ser feliz.
E, de repente, já não estás só, e as pessoas começam a olhar
para ti de outro jeito, porque tu olhaste para ti de outro jeito.
E concluis, afinal, que a carga vai mais leve, que o que
largaste no processo mais não era do que coisas e experiências encenadas.
Desapegaste.
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