Breve Historial Vocal ou Porque decidi criar este Blog

[estou a ouvir “Love is Stronger than Pride”, Shade]
Lembro-me de ter uns 5 ou 6 anos e de assistir aos ensaios do meu pai, lembro-me de ficar na primeira fila, junto ao palco… Lembro-me das longas viagens de carro entre a França e Portugal, das cassetes a tocar, das cantorias a três…
Lembro-me das primeiras actuações nos bailes de finalistas, no liceu…
Dos ensaios de garagem dos “Uptown Band” (a banda da cidade alta…) na Guarda…
De animar a minha despedida de solteira num bar de Karaoke, no Porto…
Bref, sou mais uma entre muitas que passam a vida a cantar. Sou muito “vocal”. Canto, rádio, locução, a voz sempre foi para mim um trunfo. Tinha um professor de simultânea na faculdade que costumava dizer: «A Ana pode dizer os disparates que quiser, ninguém dá conta!». Acabaria por fazer da voz o meu principal instrumento de trabalho: sou Intérprete de Conferência.
Tudo não passaria de uma história banal, se… não tivesse perdido a VOZ!
Em 2002, na sequência de um serviço de interpretação de 15 dias consecutivos para o SEF, fiquei afónica durante cerca de um mês. Não emitia um som! Primeiro diagnóstico: infecção nas cordas vocais. Começaria então uma longa aventura que dura até hoje. Consultei os 2 melhores ORL do país (aqueles a quem os cantores da nossa praça dedicam discos de ouro…), fiz vários tratamentos medicamentosos, longos meses de terapia da fala, desesperei… Recobrara a voz, mas com muitas fragilidades. Cada abuso vocal era acompanhado da respectiva afonia, das picadas na garganta…
Um dia, por ocasião do Dia Mundial da Voz, passou num noticiário de um canal francês uma reportagem sobre um ORL parisiense que fazia milagres. Fiz pesquisas na Net, mandei um e-mail, marquei consulta… Foi assim que conheci o Dr. Jean Abitbol, um dos maiores ORL do mundo (a grande Yva Barthélémy dedicou-lhe o livro «La Voix Libérée»), Assistente na Faculdade de Medicina de Paris e proprietário de uma clínica totalmente dedicada à voz. Foi então que depois de realizar uma bateria de exames denominada “Exploração Dinâmica Vocal” regressaria a Portugal com a recomendação expressa de… ter aulas de canto!
Nova fase. Primeiro, os Workshops de Técnica Vocal e tudo o que com eles descobri (Técnica Alexander, Método Tomatis, etc…), depois as aulas de canto (primeiro em grupo, depois individuais), a minha iniciação ao canto lírico. A inesgotável paciência e persistência da minha Professora de Canto, a Ana Celeste Ferreira (Obrigada, Ana!).
Nada voltou a ser igual: reaprendi a respirar (por mais estranho que possa parecer…), tomei consciência das mais elementares regras de higiene e disciplina vocal, passei a nunca mais iniciar um esforço vocal sem o devido relaxamento e aquecimento, aprendi a posicionar a voz, a manter as minhas cordas vocais hidratadas em permanência etc., etc.. Não sei com precisão há quantos dias, horas e segundos não tenho afonia (“Afónicos Anónimos”…), mas são muitos…
Foi assim que me tornei uma Militante Vocal.
De alguma forma, gostaria que este Blog fosse o reflexo destas minhas vivências a somar a uma das minhas grandes paixões: As Vozes Femininas!
[estou a ouvir “La Lettre”, Lara Fabian]

Comentários

Rita Nery disse…
E gravar um disco, não?
Eu gostava:)

Beijinhos

Rita Nery
Ana Bela Cabral disse…
Por mais contraditório que possa parecer, sou do género "tímido" e enfrentar o público nunca foi o meu forte... Além de que não canto assim tão bem!! Beijinho!

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