O Sentido de um (do) Fim

Quando a meio de uma grande empresa, gosto de fazer um desvio sem consequências.
Tinha sido avisada por anteriores leitores d’A Montanha Mágica que esse desvio se imporia.
O “meu” desvio chama-se “The Sense of an Ending” e é o mais recente proclamado Booker Prize de Julian Barnes. Devo confessar que fui mais pelo título do que pelo prémio (o que é um prémio afinal?).
O livro tem, de facto, qualidade e recomendo. Como nunca tive jeito para a crítica literária, vou saltar resumo e considerações e ir directamente ao assunto.
Quando terminei o livro (é indescritível esse momento suspenso do ponto final…), dei por mim a tentar relacionar o título do livro com o enredo (quem não o faz?). Nem os dois suicídios que assombram a história até ao fim me convenceram. Porquê de “um” fim? Porquê o artigo indefinido? Há mais do que um fim? O que é o fim? Aquilo a que vulgar e abusivamente se apelida de “fim” será mesmo um fim? O fim do dia, o fim do curso, o fim de uma relação, etc. Prefiro chamar-lhe “término”. “Fim”, stricto sensu, sem memórias, sem rabos-de-palha, sem remorsos ou ressentimentos, sem reminiscências, fim em si, há só um.
Desvio sem consequência?
Vou regressar à montanha.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Sim

Longe daqui

O Mundo Dela