Acelerações
A desorientação em que nos encontrámos, diz-se, é fruto da
aceleração técnica, social e económica que se instalou nas nossas vidas.
A verdade é que podemos estar convencidos de que estamos a
acompanhar o ritmo e a fazer todos os upgrades necessários para não ficar para
trás e continuarmos no nevoeiro.
A verdade é que não basta descarregarmos e utilizarmos as
mais recentes aplicações, não adianta termos contas atualizadas em todas as
redes sociais e lermos todos os best-sellers.
Na maioria das vezes, esses gestos são mecânicos e
impensados.
Cada um deles tem de se fazer acompanhar de uma real
reflexão. Perdeu-se o hábito de pensar analiticamente sobre as coisas…
Podemos ter o último sistema operativo instalado sem saber
quais os benefícios que nos trará, nem tão-pouco porque razão o instalamos.
Instalamos ponto.
Carecemos de objetivos definidos, concretos.
Não sabemos ajustar o nosso pensamento, a nossa mente, as
nossas atitudes a toda esta ebulição.
Enquanto fomos capazes de acompanhar o dito ritmo, fomos
deixando uma História atrás de nós. Acompanhávamos e fazíamos, criávamos…
Tenho sérias dúvidas de que se escreverá, sobre as nossas
gerações, uma História de Homens. Será a história das coisas, dos inventos, das
efemérides. Dos homens, ficarão inventários de nomes, sucessões de equipas
governativas, listas de doutores…
Excetuam-se, obviamente, os que originaram essas acelerações
e que souberam porque o fizeram.
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