Reunião Havaiana
Lembro-me de estar sentada na grande sala de reuniões,
impaciente, à espera de participantes atrasados.
Lembro-me de pensar que nunca entenderei a falta de
pontualidade, mas que, neste caso, não podia perder a calma, pois precisava deles…
Lembro-me de ter dito:
- Vou à casa de banho. Volto já.
Lembro-me que, na casa de banho, uma empregada de limpeza se
acercou de mim e me disse:
- Tenho de lhe mostrar uma coisa. É importante.
Lembro-me de a ter seguido, de atravessarmos o átrio do que
parecia ser uma universidade e de desembocarmos numa grande metrópole ruidosa.
À nossa volta, as pessoas falavam inglês.
Lembro-me de termos caminhado umas dezenas de metros e da
empregada de limpeza – que já não trazia a bata e era agora um homem – me
estender um cartão que parecia ser um passe de transportes públicos e me fazer
sinal para entrar num autocarro abeirado numa paragem.
Lembro-me de subirmos. O autocarro estava cheio de gente,
muitas pessoas em pé. Era daqueles autocarros articulados, com dois compartimentos
unidos por um acordeão.
Lembro-me que numa das paragens em que desceu e subiu muita
gente, olhei pela vidraça e apercebi-me que a empregada de limpeza – que,
entretanto, era um homem de blusão de camurça – estava no exterior, me acenava
sorridente, fazendo-me sinal para prosseguir viagem.
Lembro-me de ter saído na paragem seguinte. De estar frente
a um hotel luxuoso e de perguntar à primeira pessoa que encontrei – uma mulher
de fato, muito elegante – onde poderia apanhar um táxi para regressar à
universidade. A senhora respondeu-me que tinha de apanhar um autocarro até
Honolulu.
Lembro-me de ter insistido num táxi, no melhor inglês que
encontrei.
Lembro-me de acordar e de ter pensado
- Até nos sonhos me boicotam as reuniões…
- Em frente dos hotéis de luxo, há sempre táxis… Pelo menos,
em Portugal.
- Honolulu?! Nem sequer sonho ir ao Havai!...
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