Sétimo e último encontro com o escritor

- Quem é a Ana e quais são os seus valores?
- Pergunta densa...
- Não é a pergunta pela qual começam todos os livros de autoajuda?
- Já não leio livros de autoajuda...
- Ainda assim... consegue responder?
- Por onde começar?
- Pelo princípio.
- Fui uma criança que viu, ouviu e sentiu coisas que não deveria ter visto, ouvido e sentido.
- Depois...
- Enquanto adolescente, desenraizaram-me e continuei a ver, ouvir e sentir o que não devia.
- E depois?
- Já adulta, vivi tempo de mais a ilusão de poder construir uma vida sem essas cenas de vida, mas, inconscientemente, atraí-as de novo para mim. Voltei a ver, ouvir e sentir o que não devia...
- A história continua?
- Quando, recentemente, tomei consciência desta repetição de ciclos, comecei, finalmente, a mudar o meu destino. Ainda não deixei de ver, ouvir e sentir aquelas cenas, mas estou a caminho. Ironicamente, têm sido os meus guias, os meus critérios na definição dos meus valores. E os meus valores são, afinal, aquilo que não quero ver, ouvir e sentir: paz, honestidade e confiança...
- E não queremos todos o mesmo?
- Não estamos todos no mesmo barco?  


Escher, Círculo Limite IV

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