Concerto de Madonna

[estou a ouvir “Frozen”, Madonna]

Até ontem, não conseguia explicar objectivamente porque gosto de Madonna. À primeira vista, não tem muito a ver comigo: não tem uma voz excepcional e eu gosto de vozes excepcionais. Contudo, à excepção do último trabalho que não me diz muito, a verdade é que sempre gostei de Madonna e, como tal, fiz questão de marcar presença no Parque da Bela Vista, no passado Domingo. Digo de passagem que não sou muito apologista dos concertos “ao ar livre”. Não sei se por questões acústicas, de logística ou outras, a verdade é que prefiro os concertos em recintos fechados. Lembro-me que, por volta dos meus 16, 17 anos, era fã incondicional dos Madredeus. Até assistir a um concerto deles ao ar livre…
Vou saltar a parte do espectáculo, inegavelmente fantástico, e da minha admiração pela mulher de 50 anos que salta à corda em palco como uma teenager de 12. Muito se tem dito sobre isso nos últimos dias.
Pessoalmente, teria escolhido um alinhamento diferente. Ficaram de fora algumas das suas músicas mais bem conseguidas, nomeadamente “Frozen”, uma das minhas preferidas. Escusado será dizer que, tal como acontece nos concertos de todos os dinossauros que atravessam gerações, foram as mais velhinhas que puseram os 75.000 ao rubro: Vogue, Into the Groove, Borderline e Like a Prayer. Muita adrenalina também com Music e Ray of Light!
Num especial da SIC Notícias em véspera do concerto, a jornalista Fernanda Câncio tentava explicar a sua admiração por Madonna. Parafraseio: é uma soma de vários factores (espectáculo, irreverência, feminilidade, etc.). Madonna representa o “empoderamento” (empowerment…) da mulher. A mulher que domina, dita regras, subjuga o homem. Concordo em parte. Mas, depois do concerto, percebi algo mais: com todos os meios e estratégias à disposição, Madonna é uma intervencionista (aliás, o concerto termina com Give it to me / Get stupid, supostamente dedicada a G. W. Bush, e um vídeo fortemente imagético onde não faltou a foto do seu preferido Obama). Madonna é uma Grande Comunicadora, e eu adoro grandes comunicadores!
Music, makes the people come together…

Comentários

Rita Nery disse…
Qual é a mulher que não tem uma Madonna dentro de si?
Pena que nem todas tenham a coragem de o ser. De serem no fundo.
Porque não basta existirmos para sermos...desconfio que muito ser humano ser esquece deste pequeno, enorme pormenor...ou então, tenta-se não se ser enquanto se vai existindo...

Beijinhos

Rita Nery
Ana Bela Cabral disse…
É uma das vantagens das grandes concentrações: num concerto ou num estádio (a torcer pela Selecção, por exemplo!), soltam-se as amarras, as atenções estão concentradas noutros alvos, as emoções mais primitivas estão à flor da pele... É-se existindo!
Beijo!

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