Sobre-vivo delas, à unidade, ao quilómetro. Enchem-me as linhas e a existência. Sorvo-as dos livros apontados ou intuídos, das legendas do meu cinema. Traço-as, desenho-as, digito-as à velocidade e ao ritmo da minha sede. Gosto de as ver, de penetrar nelas com o olhar, de as distinguir e arrumar, de as alinhar… Teria razão Bernardo Soares? Só estão completas quando ouvidas? Das palavras ouvidas, começo a só gostar das que emanam de uma pauta, ditadas que são por outra melodia… As outras, as ditas, proferidas, anunciadas, não deixam rasto à flor da pele, não têm palavra. São cruéis e mentirosas, voláteis e curtas. Não vinculam. Não respeitam. Gosto, cada vez mais, das sussurradas, dos mantras, das silenciosas. Das que se amontoam no papel, no monitor ou as que saltam no ecrã da tv. Gosto dessa materialidade, de poder tocá-las, desmanchá-las. As outras, como se diz, voam com o vento, com a expiração do expelidor. Não se dão. Não têm palavra.
Comentários
Beijo e obrigada por me seguires. :)