Mini-conto de Primavera
Por esses dias madrugadores e longos, Helena vivia oprimida pelo tempo. Nem mesmo o seu apurado sentido de organização, o seu carácter pragmático e o seu habitual optimismo ajudavam.
Num dos raros momentos em que trocou dois dedos de conversa com uma colega de trabalho na cafetaria da empresa, Helena – de espírito aberto e curioso – pensou ter encontrado uma saída para o seu labirinto emocional:
- Vê lá tu, vamos em Abril e este ano já perdi as estribeiras três vezes! Isto não é normal. Deve ser das insónias… Eu nunca perco as estribeiras!
- Ó Helena, tu precisas é de uma cura cósmica. Tens de realinhar esses chacras! Ouvi falar de uma rapariga muito boa, lá para os lados de Carcavelos. Eu arranjo-te o contacto.
- Achas?!
E foi assim que Helena decidiu, entre hesitação e curiosidade, fazer apelo a forças desconhecidas. Poucos dias depois (depois de uma luta infernal com a sua agenda para encaixar a “experiência”), entrava numa salinha de pouco mais de 8 m2, acolhida por uma curadora cósmica, meio-hippie, meio-guru, de saias longas.
A voz maviosa, toda ela mantra, encaminhou-a para uma marquesa indescritível, sem semelhança alguma com a tipologia de marquesas que Helena conhecia (esteticista, ginecologista e afins).
Depois de um interrogatório subtil e de umas aposições algo desconfortáveis, chegou o iluminado diagnóstico:
- As suas energias estão em quebra…
«Grande novidade!», pensou Helena.
- Andam a rondá-la pessoas que se vão alimentando das suas energias, Helena! Vampiros…
A palavra despertou Helena do seu semi-sono, incrédula:
- Vampiros?! Está a brincar, claro…
- Não, Helena, são os chamados “sugadores de energias”…
Quando saiu do local, Helena sentiu-se totalmente restabelecida:
«Vampiros! Esta história dos vampiros agora está na moda! Ele é filmes, livros, novelas… Sinceramente! Não volto a perder as estribeiras, isso é certo! Vampiros! Pff.»
Num dos raros momentos em que trocou dois dedos de conversa com uma colega de trabalho na cafetaria da empresa, Helena – de espírito aberto e curioso – pensou ter encontrado uma saída para o seu labirinto emocional:
- Vê lá tu, vamos em Abril e este ano já perdi as estribeiras três vezes! Isto não é normal. Deve ser das insónias… Eu nunca perco as estribeiras!
- Ó Helena, tu precisas é de uma cura cósmica. Tens de realinhar esses chacras! Ouvi falar de uma rapariga muito boa, lá para os lados de Carcavelos. Eu arranjo-te o contacto.
- Achas?!
E foi assim que Helena decidiu, entre hesitação e curiosidade, fazer apelo a forças desconhecidas. Poucos dias depois (depois de uma luta infernal com a sua agenda para encaixar a “experiência”), entrava numa salinha de pouco mais de 8 m2, acolhida por uma curadora cósmica, meio-hippie, meio-guru, de saias longas.
A voz maviosa, toda ela mantra, encaminhou-a para uma marquesa indescritível, sem semelhança alguma com a tipologia de marquesas que Helena conhecia (esteticista, ginecologista e afins).
Depois de um interrogatório subtil e de umas aposições algo desconfortáveis, chegou o iluminado diagnóstico:
- As suas energias estão em quebra…
«Grande novidade!», pensou Helena.
- Andam a rondá-la pessoas que se vão alimentando das suas energias, Helena! Vampiros…
A palavra despertou Helena do seu semi-sono, incrédula:
- Vampiros?! Está a brincar, claro…
- Não, Helena, são os chamados “sugadores de energias”…
Quando saiu do local, Helena sentiu-se totalmente restabelecida:
«Vampiros! Esta história dos vampiros agora está na moda! Ele é filmes, livros, novelas… Sinceramente! Não volto a perder as estribeiras, isso é certo! Vampiros! Pff.»
Comentários
Bj
Quanto aos vampiros, já sabes o que penso desses disparates, as crianças cá de casa estão proibidas de ver semelhantes porcarias.
Beijo grande
Concordo contigo na questão dos vampiros, mas - no sentido figurado que o conto emprega - que os há, há!
Beijinho
Parabéns.
Nuno