Frutas e Bestas
Gostavas de sair pela madrugada, com os primeiros. Desde que fosse para as ruas de uma capital, de uma metrópole. Corria-te nas veias tudo o que começa por “metro-“.
Indistinta na multidão era como gostavas de te sentir. Gostavas que outros te procurassem e não te encontrassem logo, até ao desespero de um telefonema (- Onde estás? Não te vejo. De que lado da rua estás? Perto de quê? [pergunta de retórica: tu nunca estavas perto de nada]). O que não sabias era que alguns outros – não creio ter sido o único – há muito te tinham identificado e apenas queriam prolongar este momento ímpar de ti à distância.
Conversar contigo era mergulhar num quebra-cabeças. Era encontrar não um sentido, mas possíveis explicações. Ter a certeza de ser ouvido e aproveitado.
Andavas à procura de respostas. Não muitas: duas.
1. Por que motivo uma fruta que ontem te parecia suculenta, te parece hoje mirrada e amarga?
2. Por que motivo se passa tão rapidamente de bestial a besta?
Gostavas de explicar que, embora pareçam semelhantes, estes dois questionamentos encontram possíveis respostas – que ainda não encontraste – em planos distintos: o primeiro, provavelmente no campo da estética, o segundo, talvez, no campo da ética.
Eu, adorava as tuas metáforas.
Tu, adoravas a palavra “expectativas” que usavas amiúde.
De facto, na tua boca tudo me soava diferente, claro e intemporal.
Agora, morreste (como foste capaz, porra?!) e eu terei de dar continuidade à tua busca, à das frutas azedas e das bestas.
Indistinta na multidão era como gostavas de te sentir. Gostavas que outros te procurassem e não te encontrassem logo, até ao desespero de um telefonema (- Onde estás? Não te vejo. De que lado da rua estás? Perto de quê? [pergunta de retórica: tu nunca estavas perto de nada]). O que não sabias era que alguns outros – não creio ter sido o único – há muito te tinham identificado e apenas queriam prolongar este momento ímpar de ti à distância.
Conversar contigo era mergulhar num quebra-cabeças. Era encontrar não um sentido, mas possíveis explicações. Ter a certeza de ser ouvido e aproveitado.
Andavas à procura de respostas. Não muitas: duas.
1. Por que motivo uma fruta que ontem te parecia suculenta, te parece hoje mirrada e amarga?
2. Por que motivo se passa tão rapidamente de bestial a besta?
Gostavas de explicar que, embora pareçam semelhantes, estes dois questionamentos encontram possíveis respostas – que ainda não encontraste – em planos distintos: o primeiro, provavelmente no campo da estética, o segundo, talvez, no campo da ética.
Eu, adorava as tuas metáforas.
Tu, adoravas a palavra “expectativas” que usavas amiúde.
De facto, na tua boca tudo me soava diferente, claro e intemporal.
Agora, morreste (como foste capaz, porra?!) e eu terei de dar continuidade à tua busca, à das frutas azedas e das bestas.
Comentários
Bj e bom ano 2011!
Um bom ano de 2011 para ti também!
Beijo
Adoro as tuas metáforas! ;)