Perguntas sem valor
Quero acreditar que tudo tem um propósito.
Preciso acreditar que tudo tem um propósito.
Tenho manipulado o corpo até à exaustão para apaziguar a
mente. Para não lhe dar o tempo de se rebelar.
Manipular a mente é tarefa para Eleitos e eu não nasci
virada para a lua.
Não me importa, contudo. Nunca gostei de linhas retas.
A hiperatividade tem sido companheira e compreensiva. Quase
dissipando o vácuo gerado pelos sonhos desfeitos e a desfazer-se.
Ponho em causa tudo o que leio, tudo o que vejo, tudo o que
ouço, como se numa plataforma à parte me tivessem plantado.
Porquê?
Valerá a pena perguntar?
Não.
Onde me perdi? Que desvios tomei para me trazerem aqui?
Valerá a pena perguntar?
Não.
O Filósofo dizia que, sobre o que não sabemos, devemos
calar.
Acrescento que sobre o que não controlamos, devemos aceitar
e calar. Qualquer reação ou tentativa de análise é cansativa, estéril.
O que me move?
Talvez a convicção de que um dia valha a pena perguntar,
pois as respostas já existem.
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