Mudanças e Ajustamentos

Profissionalmente, estive sempre ligada a 3 indústrias: a Tradução, a Formação/o Ensino e os Eventos. Embora bem distintas, estas 3 áreas têm, no entanto, um ponto em comum: as aceleradas mudanças de que têm sido alvo e os significativos ajustamentos a que os profissionais desta área são sujeitos. Com quase 21 anos de carreira, já me é permitido fazer um balanço?

Quando iniciei a minha carreira de Tradutora, a Internet dava os seus primeiros passos. Cheguei a enviar alguns trabalhos por fax. Ligar o Modem de acesso à Internet era quase uma aventura, entre tentativas, falhas e ruídos intergaláticos. Fazia uma lista com dúvidas para ir uma só vez à Internet (depois de esgotar todas as possibilidades nos dicionários), pois era cara. Pouco a pouco, o e-mail e os acessos à Internet generalizaram-se e o trabalho ficou mais fácil. Tão fácil que qualquer pessoa julga ter competências de Tradutor/a...

Depois, vieram as Ferramentas de Apoio à Tradução (as Memórias) e, mais tarde (em pleno desenvolvimento na atualidade), a Tradução Automática. No início, resiste-se, depois, assimila-se e adota-se. E não foram só as competências informáticas que mudaram. Mudam as nossas crenças e convicções.

Na formação e no ensino, as mudanças também foram significativas. Quando comecei a dar aulas/formação, os desafios eram as fotocópias, os recortes e as colagens, os acetatos e o quadro de giz. Com a chegada da Internet, começaram a criar-se materiais pedagógicos visualmente mais apelativos e interativos. Primeiro em PowerPoint, hoje em Prezi ou Keynote. O papel foi desaparecendo, os Formandos/os Alunos levam portáteis ou tablets para as aulas em vez de cadernos, e fotografam o pouco que se escreva no quadro (branco, claro). A fim de captar a atenção, utilizam-se todos os suportes disponíveis. Vale tudo, menos o método expositivo.

Os eventos não passaram ao lado das mudanças. Comecei como hospedeira e lembro-me que o (bom) aspeto era o principal requisito. Depois vieram as fardas personalizadas, o domínio das línguas estrangeiras, os sólidos conhecimentos de protocolo, as indispensáveis referências turísticas, os conhecimentos informáticos para pôr as apresentações a funcionar (por vezes, em versões incompatíveis), etc., etc. Hoje, mais do que nunca, os eventos servem para vender uma marca, um conceito, uma filosofia. É preciso saber montar e desmontar rol-ups e dispô-los nos locais mais apropriados, operar painéis interativos com posts de Facebook e Twitter a desfilar à velocidade de cotações de bolsa, prever um espaço (físico e na agenda do eventos) para Networking, escolher o melhor dos programas sociais e os melhores restaurantes e bares da cidade, ter em atenção novas particularidades alimentares (vegetarianismo, veganismo, alimentação sem glúten, etc.). E a lista poderia continuar.


Pessoalmente, as mudanças não me assustam. Gosto delas, estou atenta, adapto-me. É sempre uma oportunidade de aprender mais e mais. Na verdade, penso também que não há alternativa: quem não se adapta, está out.


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