Sobre o glúten
Não
sou a favor de generalizações de espécie alguma e na nutrição aplico a mesma
regra. O regime alimentar que é bom para alguns não o é forçosamente para
outros, razão pela qual não faço do meu vegetarianismo um cavalo de batalha,
tentando impô-lo ou sobrepô-lo. No capítulo alimentar, e na senda de Lise
Bourbeau, penso que a melhor das estratégias passa, de facto, por escutarmos o
nosso corpo. A velhinha técnica do diário no qual vamos apontando o que comemos
e de que forma o nosso corpo vai reagindo, é, na minha opinião, o melhor dos
pontos de partida.
Há
contudo uma questão sobre a qual tenho poucas dúvidas: deveríamos TODOS reduzir/eliminar
o consumo de glúten.
O
glúten é uma mistura de proteínas e amido que encontramos num bom número de
cereais, designadamente, no trigo, no centeio, na cevada e na aveia. Entre
outras coisas, é o glúten que confere ao pão o aspeto compacto e elástico de
que tanto gostamos. O glúten é uma espécie de “ligante”, de cola.
É
importante referir que o glúten não foi sempre assim tão nocivo. Devemos à
agricultura intensiva e às consequentes mutações da proteína de trigo a
crescente intolerabilidade do glúten pelo nosso tubo digestivo.
A
imagem é pouco simpática, mas imaginem ingerir um tubo de cola a cada refeição,
juntamente com os outros alimentos. Sim, porque, na verdade, o glúten
massificou-se de tal forma que está presente em quase todas as nossas
refeições. Resultado? A digestão torna-se lenta e comprometida. Uma das
primeiras consequências é a obstipação ou, para outros, o seu proporcionalmente
oposto...
Gradualmente,
fomos perdendo enzimas que digerem as proteínas do glúten e estas vão ficando
por ali a entupir o intestino delgado (mais uma imagem pouco simpática...).
Doença
celíaca, intolerância, fadiga crónica... Vou poupar-vos à longa lista dos
malefícios deste autêntico veneno. O mais incrível é a automática melhoria
generalizada que se opera no corpo quando começamos a eliminar esta substância
da nossa dieta alimentar. E a nota de esperança começa exatamente por aí.
Inicialmente,
parece mais ou menos complexo substituir/eliminar o glúten da nossa alimentação
(que farinhas utilizar, em que proporções, etc.). Mas não é. E é, aliás, um
enorme desafio: à nossa criatividade, à nossa resistência, à nossa
persistência!
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