Casaquinho

E se todos os objetos que compõem o cenário da nossa existência contassem uma estória? Ando com uma veia de Storyteller...

Desde que comecei a fazer o meu curso de Blogger, tomei consciência desta possibilidade: “Vai ao armário da cozinha, pega num copo ao acaso, observa-o atentamente, senta-te ao computador e cria uma estória. Todo o objeto pode ter uma estória.”

Ver resultado abaixo...

Esta manhã, sem grande inspiração para combinações de vestuário e em cima da hora para uma marcação, peguei num vestido simples, unicromático, e adicionei-lhe o casaquinho que a minha Amiga Rita me fez (sim, handmade!) e me ofereceu há um bom par de anos pelo meu aniversário.

Como sempre acontece quando visto essa peça, começo a ser interpelada: “Mas que lindo casaco!”, “Tão original!”, “Onde o comprou?”, etc., etc.. E lá conto a estória da minha Amiga Prendada e Criativa que faz coisas fantásticas e únicas.

E recordei a história e as estórias que este casaquinho já tem. Partilho convosco a mais extraordinária.

Em 2010, encontrava-me a trabalhar num congresso, num dos mais luxuosos hotéis de Lisboa. Não me recordo exatamente do tema, mas lembro-me que estavam presentes várias comitivas da União Africana. Como passo a maior parte do tempo fechada numa cabina de tradução, tenho sempre esta sensação confortável de passar desapercebida. Durante uma pausa para café, pus-me a observar aqueles trajos fantásticos e aqueles maravilhosos tecidos étnicos que as africanas ostentam com tanta elegância. Estava deslumbrada: aquelas cores, aqueles turbantes no cabelo, aquelas peles morenas!

Fui de repente abordada por duas delas que se dirigiam a mim, apontando para o meu casaco. Queriam saber onde o tinha comprado. Depois de repetir a estória já tantas vezes contada da minha Amiga Prendada e Criativa, perguntaram-me se não lhes podia vender o casaco.

E pronto. Esta é uma das estórias de um casaquinho, um simples básico adornado à mão, com sentido estético e carinho, florzinhas de tecido, pérolas, botões e fitas de cetim, pelas mãos de uma Amiga Especial.

Há coisas que não se vendem por preço algum.